Riad: Estados Unidos marcam novo encontro com delegação ucraniana

As autoridades dos Estados Unidos devem reunir-se com a equipa ucraniana novamente após mais uma ronda de negociações com a equipa russa sobre um cessar-fogo parcial na Ucrânia. Uma alta autoridade ucraniana disse à agência de notícias AFP que a reunião aconteceria depois de as delegações dos EUA e da Rússia encerrassem as negociações do dia na capital da Arábia Saudita, Riad. As negociações entre EUA e Rússia, nesta segunda-feira, concentraram-se principalmente na tentativa de haver um cessar-fogo no que diz respeito aos ataques à navegação no Mar Negro, como primeiro passo para um acordo de cessar-fogo mais amplo que pode pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Recorde-se que norte-americanos e ucranianos encontraram-se no passado domingo para debater a proteção de infraestruturas energéticas, disse o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, que liderou a delegação e considerou as negociações “produtivas”. A Ucrânia está interessada em ver a Rússia concordar com um acordo que proteja o transporte marítimo no Mar Negro, particularmente “a cessação do bombardeio dos portos ucranianos de Odesa, Kherson e Mykolaiv”. “A Ucrânia quer que os seus portos funcionem e é por isso que inicialmente propuseram um cessar-fogo no ar e no mar”, afirmou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou esta segunda-feira que autoridades norte-americanas e russas discutiram a possível retoma do Acordo dos Cereais do Mar Negro de 2022 (promovido pela Turquia e pela ONU), um acordo que permitiu à Ucrânia retomar a exportação de cereais e de alimentos. Moscovo retirou-se da iniciativa em 2023, acusando o Ocidente de não cumprir o compromisso paralelo de aliviar as sanções às exportações de produtos agrícolas e fertilizantes da Rússia.

“Ninguém está à espera de qualquer avanço. Até a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que não há expectativas de um avanço em Riad esta segunda-feira”, relata a Al Jazeera. “O que se espera é que se elaborem os detalhes do que a Rússia está a exigir. A delegação russa tem conversado com a dos Estados Unidos sobre os pormenores de um acordo de cessar-fogo de 30 dias na energia e infraestrutura, e também da iniciativa do Mar Negro.” Ou seja, mantém-se a desconfiança entre os dois lados.

Mas o presidente norte-americano, Donald Trump, expressou satisfação com a forma como as negociações estão a decorrer e elogiou o envolvimento de Putin no processo, dizendo no sábado que os esforços para impedir uma maior escalada no conflito estão “um tanto sob controle”. Putin disse que está pronto para discutir a paz, mas que a Ucrânia deve abandonar oficialmente as suas ambições na NATO e retirar as suas tropas das quatro regiões ucranianas reivindicadas e controladas pela Rússia. Do seu lado, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, disse que a Rússia deve interromper os seus ataques em vez de “fazer declarações vazias sobre a paz” – depois de mais um ataque com mísseis à cidade ucraniana de Sumy, no nordeste do país. A Rússia, por sua vez, afirmou ter abatido 227 drones ucranianos nas últimas 24 horas e declarou que, no sábado, a Ucrânia realizou dois ataques com drones ao posto de distribuição de gás de Valuika, na região de Belgorod, e tentou atacar o armazém de condensado de gás de Glebovskoye, na Crimeia, no domingo.

Uma fonte citada pela agência Reuters disse que, do lado norte-americano, as negociações são lideradas por Andrew Peek, diretor do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, e Michael Anton, alto funcionário do Departamento de Estado. A Rússia foi representada por Grigory Karasin, um ex-diplomata que agora é presidente do Comité de Relações Exteriores da câmara alta russa. Karasin, citado pela agência Interfax, disse durante um intervalo após quase três horas de negociações que os trabalhos estão a progredir “criativamente” e que os dois lados discutiram questões consideradas “irritantes” nas relações bilaterais.