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Ricos ficaram ainda mais ricos durante pandemia, mas agora querem esconder fortunas para evitar impostos

Aquando da campanha, o atual presidente dos EUA propôs um aumento do pagamento de impostos para os mais ricos, alterando o limite da isenção de passagem de dinheiros para 3,5 milhões de dólares (três milhões de euros) em vez dos 11,7 milhões de dólares (9,9 milhões de euros) atuais.
25 Março 2021, 13h37

O ano de 2020 ficou marcado pela pandemia mas também por ter sido o ano em que os ricos ficaram ainda mais ricos com a volatilidade das bolsas, nomeadamente das ações das empresas de tecnologia. De acordo com a “Reuters”, os milionários estão a falar com os seus gestores para perceber como podem consolidar as suas fortunas enquanto os países ainda estão a recuperar da pandemia, mas os mais ricos do mundo também estão a discutir como podem antecipar a procura dos governos para que estes ajudem a suportar os custos de uma recuperação económica.

Morris Pearl, ex-diretor da BlackRock que preside agora a Patriotic Millionaires, um grupo que pretende encerrar a disparidade entre riquezas, admitiu que o mercado de ações está hoje num valor superior quando comparado com o ano passado, antes da pandemia atingir o mundo. “O problema fundamental é que a grande desigualdade que está a piorar”, apontou à publicação.

O objetivo deste grupo é que os ‘ultra-ricos’ comecem a descontar parte do seu dinheiro e a direcioná-lo para o pagamento de impostos ou para ações de filantropia. Uma proposta da senadora norte-americana Elizabeth Warren é que os multimilionários paguem o ‘Ultra-Milionário Tax Act’, que consiste no pagamento de um imposto anual de 2% sobre o património individual entre os 50 milhões e mil milhões de dólares (41,9 milhões e 838,7 mil milhões de euros) e um imposto anual de 3% sobre patrimónios superiores a mil milhões de dólares (838,7 mil milhões de euros), sendo que poderia ter arrecado 95,69 mil milhões de euros no ano passado caso a taxa estivesse em vigor.

Consultado pela “Reuters”, o CEO da gestora de fortunas Tiedemann Constantia, Rob Weeber, admitiu que vários dos seus clientes estão a considerar vender ativos importantes que somam valor à sua fortuna, antes que uma taxa dos ‘ultra-ricos’ entre em vigor.

Ainda nos Estados Unidos, aquando da campanha de eleição de Joe Biden, o atual presidente dos EUA propôs um aumento do pagamento de impostos para os mais ricos, alterando o limite da isenção de passagem de dinheiros para 3,5 milhões de dólares (três milhões de euros) em vez dos 11,7 milhões de dólares (9,9 milhões de euros) atuais.

Esta proposta levou a que os ricos criassem fundos que lhes permitissem passar o seu dinheiro para filhos e parentes próximos, o que levou a um aumento significativo no quarto trimestre de 2020, tendo começado a funcionar a alta velocidade depois de Biden assumir a presidência.

A Forbes, que segue atentamente as fortunas dos multimilionários, estima que dois terços dos milionários tenham visto o seu património aumentar no total do ano de 2020, retendo níveis de riqueza sem precedentes. A Forbes atenta que os multimilionários tenham ficado 20% mais ricos até dezembro do ano passado, face ao mesmo período do ano anterior.

Ainda que muitos milionários escolham transferir os seus ativos para fundos, outros escolhem transferir a sua fortuna para países que respeitam as fortunas conseguidas, realocando o dinheiro para a Suíça, Luxemburgo e Singapura. Também cidades norte-americanas, onde os impostos são consideravelmente reduzidos, como o Texas, Florida e Washington, estiveram na mira dos milionários quando tomaram a decisão de realocar parte da sua fortuna.

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