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Rosa Cullell: “As audiências estão piores, mas o grupo é sólido e saudável”

Rosa Cullel era diretora executiva da Media Capital, dona da TVI, desde 2011. Oito anos depois, foi anunciada a sua saída da direção do grupo de media, sendo substituída por Luís Cabral. Na hora da saída contou que deixa o grupo após “o ano com melhor resultado líquido”.
  • Rosa Cullell, ex-diretora executiva da Media Capital
15 Julho 2019, 09h44

Rosa Cullel, a administradora que está de saída da liderança da Media Capital para dar lugar a Luís Cabral, afirmou esta segunda-feira, em entrevista ao “Público”, que sai depois de ter tentado fazer tudo para cumprir os objetivos do grupo.

Na hora da saída, após oito anos de liderança, disse: “As audiências estão pior, mas o grupo é sólido e saudável financeiramente, tem uma dívida muito menor do que tinha, um cashflow muito bom e em 2018 fechamos com um EBITDA dentro daquilo que estamos à procura, entre 40 e 41 milhões de euros. Foi o ano com melhor resultado líquido”.

Sobre a sua saída, a gestora contou que já deveria ter saído em 2017, mas que com a tentativa de vender a Media Capital à Altice Portugal, aceitou ficar mais tempo. “Eu cheguei em 2011 para ficar quatro anos. Depois a Prisa teve muitas mudanças e pediram-me para ficar e eu aceitei, sempre a dizer que só ficava até 2017. Com a venda à Altice, pediram-me para ficar até a operação acabar. Entretanto, o Manuel Mirat foi nomeado CEO da Prisa e pediu-me para não ir embora imediatamente”, detalhou.

Questionada também pela operação que determinava a venda da Media Capital, Rosa Cullell apontou o dedo à Autoridade da Concorrência, que “não ajudou aquilo [a operação de venda] a prosperar”, mas que o facto de a Altice também não ter “querido cumprir as exigências do regulador” impossibilitaram a conclusão da operação. Cullel entende ainda que no caso da Altice e da Media Capital, os reguladores foram o travão num mercado em que “há uma visão baseada nos anos 1970 e 1980”.

“Naquela altura, a Altice tinha um projeto de conteúdos, que era para a Europa e para os EUA. Isso para mim seria um sonho, poder ter uma empresa capaz de produzir para distintas plataformas e TV na Europa, em línguas distintas”, acrescentou, revelando depois que, em matéria de produção de conteúdos, a TVI teve “uma co-produção quase fechada com a Netflix”.

Essa co-produção não se concretizou por causa da falta de transposição de legislação europeia. “Essa legislação dita que 30% dos conteúdos das plataformas estrangeiras têm de ser em produto nacional e na língua do país, algo fundamental para a indústria”, explicou Cullell. Contudo, a gestora diz que essa transposição não será uma realidade antes de 2021.

Sobre a nova estratégia da Media Capital, Rosa Cullell disse que, “agora, a nova estratégia tem de ser feita pelo Luís Cabral”.

Luís Cabral foi anunciado como novo CEO da Media Capital na sexta-feira, 12 de julho, numa transição de lideranças que estava a ser preparada há um ano. O grande desafio da nova gestão será o de recuperar terreno perdido para a concorrente SIC. Questionada se a TVI está a reinventar-se para essa batalha, Cullell finalizou: “Tem que se reinventar. Porque, de facto, o que estão a fazer na SIC é o que fazíamos”.

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