Pippo Russo: “Doyen é inocente e Rui Pinto criminoso? Se não fosse trágico, devíamos rir”
Acusado de crimes de acesso ilegítimo e extorsão na forma tentada no caso Doyen Sports, Rui Pinto encontra-se em prisão preventiva desde março de 2019. Em entrevista ao Jornal Económico, Pippo Russo afirma que “o facto da Doyen ser a parte inocente deste caso e Rui Pinto o criminoso, é uma situação da qual nos devíamos rir se não fosse trágica”.
O jornalista e sociólogo italiano, considera “Rui Pinto um herói da liberdade de opinião e um herói da liberdade de informação”, explicando que “grande parte dos documentos são do domínio público”, como por exemplo, “todos os documentos da primeira fase do Football Leaks, quando ainda era um blogue”. Pippo Russo sublinha que “o futebol devia servir como um passo para a transparência”.
No meio de todos os documentos divulgados por Rui Pinto alguns diziam respeito a correspondência privada. “Aí pisamos um terreno muito mais complexo e complicado, mas vivemos na era dos computadores e numa situação um pouco ambígua. Somos todos cidadãos livres, controladores e muito controláveis”, refere Pippo Russo.
Para o jornalista, o hacker português é visto como um “Robin Hood que consegue controlar os poderosos e sabe as informações que esses poderosos possuem e então é ele que é visto como um criminoso, mas os tribunais em Portugal dirão efetivamente se Rui Pinto é de facto um criminoso”.
O sociólogo italiano espera que o tribunal julgue de forma adequada este caso e não esconde a indignação que envolve todo o processo de Rui Pinto. “Como cidadão europeu considero ofensivo que num país da União Europeia, ou seja, o espaço que reivindica a pátria dos direitos humanos e da pessoas, me explique porque está preso preventivamente há quase um ano Rui Pinto e o que fez para merecer essa prisão”.
Pippo Russo expressa também o desejo de ver o hacker português brevemente em liberdade. “Cada dia que Rui Pinto passa privado da sua liberdade, é um crime contra os direitos das pessoas e não um crime contra Rui Pinto”.
