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Rui Pinto sobre Football Leaks e Luanda Leaks: “Como cidadão, fiz simplesmente o meu dever. Voltaria a fazê-lo”

Depois do Football Leaks, motivo que vai levar Rui Pinto a julgamento por 90 crimes, o português fez saber, recentemente, que entregou um disco rígido à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África, que permitiu a recente revelação dos Luanda Leaks, um caso de corrupção relacionado com a empresária angolana Isabel dos Santos.
  • Getty Images
5 Março 2020, 12h39

A antiga eurodeputada do PS Ana Gomes divulgou esta quinta-feira, 5 de março, na sua conta de Twitter uma mensagem de Rui Pinto, em que o criador do Football Leaks e alegado denunciante do Luanda Leaks admite não se arrepender de ter, indevidamente, extraído informações de operações e negócios de terceiros  para exibir crimes.

“Como cidadão fiz simplesmente o meu dever ao ajudar a exibir este e outros crimes, e mesmo sabendo de antemão da primitiva perseguição de que os denunciantes são alvo em Portugal, voltaria a fazê-lo”, lê-se na mensagem do português de 30 anos de idade, atualmente em prisão preventiva enquanto aguarda julgamento.

“O Luanda Leaks é o exemplo mais recente de que os denunciantes e o jornalismo de investigação são essenciais para a nossa democracia. Durante anos, apesar dos constantes alertas de que Portugal se tornara numa plataforma de lavagem de dinheiro da cleptocracia angolana, as autoridades judiciárias e de regulação nada fizeram”, acrescentou.

Ana Gomes, um dos rostos de defesa do whistleblower português mais reconhecidos publicamente, divulgou a mensagem uma vez que a conferência “High-Level Policy Dialogue on Corruption in Sports Governance” fora cancelada.

Na sua conta de Twitter, Ana Gomes explicou que esta quinta-feira deveria estar em Florença, Itália, para participar na conferência organizada pelo antigo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional Miguel Poiares Maduro, onde iria ler uma mensagem escrita por Rui Pinto, a partir da prisão da Polícia Judiciária, em Lisboa.

Devido às contingências provocadas pela propagação do novo coronavírus (Covid-19), a conferência foi adiada e, por isso, Ana Gomes decidiu partilhar a mensagem do português.

Depois de ter sido preso na Hungria e extraditado para Portugal, ao abrigo de um mandato internacional, Rui Pinto está preso desde março de 2019, no âmbito do processo Football Leaks. Recentemente que entregou um disco rígido à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África, que permitiu a recente revelação dos Luanda Leaks, um caso de corrupção relacionado com a empresária angolana Isabel dos Santos.

Aos 30 anos, Rui Pinto vai ser julgado por 68 crimes de acesso indevido, por 14 crimes de violação de correspondência, por seis crimes de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada, este último um crime pelo qual o advogado Aníbal Pinto também foi pronunciado.

Em setembro de 2019, o Ministério Público (MP) tinha acusado o ‘hacker’ de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Plataforma Score e posterior divulgação de dezenas de documentos confidenciais destas entidades.

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