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Rússia anuncia início de retirada de tropas da fronteira com a Ucrânia

Moscovo intensificou os exercícios no Mar Negro e na Crimeia nos últimos dias, contribuindo para o aumento da tensão com o Ocidente. Biden ameaçou que não ficaria parado e Putin parece ter-se decidido pelo desanuviamento.
22 Abril 2021, 17h30

Moscovo decidiu retirar as tropas que tinha acumulado nas últimas semanas junto da fronteira com a Ucrânia, dando um passo decisivo para o desanuviamento de uma situação que tinha todos os ingredientes para se tornar explosiva. A tensão começou quando um alto representante da NATO visitou a Ucrânia, esteve em várias instalações militares e manteve encontros com o presidente, Volodymyr Zelensky. No final do encontro, a NATO disse que se mantinha ao lado da Ucrânia e que apoiaria o país nos esforços de modernização que lhe permitirão aproximar-se do ocidente e da União Europeia (que é o ‘ocidente’ mais próximo).

Ato contínuo, Moscovo aumentou a pressão militar sobre as fronteiras, o que levou Washington a queixar-se da militarização da região e a decidir enviar dois vasos de guerra para o Mar Negro, que banha a Rússia e a Ucrânia. A decisão foi conhecida porque o governo turco, que desde 1936 tem o controlo mundial da estreita passagem entre os mares Negro e Mediterrâneo, disse que lhe fora anunciada a passagem dos navios de guerra – como é obrigatório pelas leis internacionais.

De qualquer modo, Moscovo parece ter voltado atrás, o que levou Volodymyr Zelensky a saudar a decisão. “A redução de tropas nas nossas fronteiras leva a uma redução proporcional da tensão”, argumentou no Twitter. “A Ucrânia permanece vigilante, mas acolhe com agrado quaisquer medidas destinadas a reduzir a presença militar”.

Moscovo explicou em comunicado oficial que “as tropas demonstraram a sua capacidade de manter a defesa confiável do país. Decidi, portanto, concluir as atividades de inspeção nos distritos militares do sul e do ocidente”, disse o ministro russo da Defesa russo, Sergei Choigou. Considerando os objetivos das manobras em grande escala “plenamente alcançados”, o ministro ordenou “o regresso das tropas aos seus pontos de implantação permanentes” a partir desta sexta-feira.

Sergei Choigou falava precisamente na Crimeia, uma península anexada pela Rússia em 2014, onde estava para assistir aos exercícios militares. Segundo revelou, as manobras mobilizaram “mais de 10 mil soldados” e “mais de 1.200 equipamentos” , incluindo mais de “40 navios de guerra e 20 barcos de apoio”.

A Rússia intensificou os exercícios no Mar Negro e na Crimeia nos últimos dias, depois de anunciar que restringiria a navegação de navios militares estrangeiros a três áreas ao largo da Crimeia durante seis meses. A medida foi denunciada como uma “escalada” por Washington e considerada “altamente preocupante” pela União Europeia. A NATO também exigiu que Moscovo garantisse “livre acesso livre” aos portos ucranianos do Mar Negro.

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