A Rússia está a pedir às empresas que proponham quais são as sanções que Moscovo deve tentar suspender antes das negociações com Washington, avança a agência Reuters, que recorda que as restrições que dificultam os fluxos de pagamentos transfronteiriços são as mais dolorosas para a economia do país.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse na passada terça-feira que era a vez da Rússia responder, depois de Washington concordar em retomar a partilha de ajuda militar e inteligência com Kiev, na sequência da proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias. Mas o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou com sanções mais duras contra Moscovo caso o Kremlin decida não negociar. Se as conversas entre os dois países forem retomadas, Washington aliviará as sanções.
Se as perguntas do Kremlin à indústria forem consequentes, isso quererá dizer que o regime de Putin está a estudar uma agenda que servirá de roteiro a novas negociações com os Estados Unidos. A Reuters avança que o governo russo está a distribuir um formulário para as empresas preencherem, perguntando-lhes quais as sanções que afetaram mais os seus negócios e para identificar as restrições mais sensíveis.
As questões dos pagamentos bancários são as mais onerosas, embora as sanções sobre o setor energético, particularmente as restrições à frota de petroleiros da Rússia, também estejam a ter forte impacto na economia do país. “O mais importante, o mais perigoso e mais doloroso é a restrição aos acordos em dólares”, disse uma das fontes contactadas pela agência.
Questionado sobre a matéria, o Kremlin limitou-se a repetir que todas as sanções são ilegais e devem ser suspensas. “Quanto aos detalhes, estes já são objeto de negociações, e gostaria de lembrar novamente as minhas palavras: ‘não vamos precipitar-nos”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “E não adianta anunciar segmentos específicos antes das negociações”.
Os principais bancos russos foram impedidos de usar a rede global de pagamentos SWIFT logo depois que Moscovo ter invadido a Ucrânia em fevereiro de 2022. Sem acesso aos mercados em dólares e euros, as empresas russas foram forçadas a encontrar soluções alternativas em outras moedas e em países terceiros. Remover essas restrições aos bancos seria um grande impulso para a Rússia.
Mas uma coisa são as sanções impostas por Washington, outra são as impostas pela União Europeia (que já agregou mais de 10 pacotes de medidas) ou as de outros países (com destaque para o Reino Unido). Um analista da Renaissance Capital, Andrei Melashchenko, disse à agência que “o levantamento das sanções dos EUA não removeria automaticamente as sanções europeias ou não restauraria totalmente a estrutura de pagamento, o que significa que a recuperação da receita baseada em comissões de operações transfronteiriças permaneceria limitada”. A maior parte dos cerca de 300 mil milhões de dólares em ativos soberanos da Rússia congelados pelo Ocidente está na Europa, onde os líderes mantiveram uma postura mais dura contra Moscovo que os Estados Unidos.
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