Uma avaliação preliminar da Comissão Europeia indica que a Rússia tem “cumprido os seus contratos a longo prazo” sobre o fornecimento de gás à União Europeia (UE), embora sem “qualquer fornecimento adicional”, divulgou hoje a comissária da Energia.
“Estamos a analisar a denúncia [feita pela Parlamento Europeu] nos nossos domínios de concorrência e a nossa avaliação inicial indica que a Rússia tem vindo a cumprir os seus contratos a longo prazo, embora não prestando qualquer fornecimento adicional”, disse a comissária europeia da Energia, Kadri Simson, falando na sessão plenária da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo.
Intervindo num debate sobre a escalada dos preços da eletricidade devido aos aumentos globais no gás, a responsável dirigiu-se aos eurodeputados assinalando: “Sei que alguns de vós estão preocupados com uma possível manipulação do mercado europeu e estas são preocupações sérias”.
Em meados de setembro, um grupo de cerca de 40 eurodeputados pediu à Comissão Europeia que investigasse a gigante energética russa Gazprom, acusando-a de cortar o fornecimento de gás através da Ucrânia para pressionar a Alemanha a aprovar mais rapidamente o gasoduto Nord Stream 2 através do Mar Báltico e levando a preços europeus mais elevados.
A Gazprom tem negado qualquer manipulação de mercado.
Kadri Simson indicou que “uma melhor resposta a qualquer tipo de especulação e manipulações de mercado é outra área em que a UE deve avaliar as suas opções de ação”.
“Mas, em última análise, a solução é a mesma: quer se trate de preços, segurança ou abastecimento, o aumento das energias renováveis locais a preços acessíveis é o caminho a seguir”, frisou a responsável.
E admitiu ainda: “Eu preferia estar numa posição em que não estivéssemos dependentes de combustíveis fósseis estrangeiros”.
A subida dos preços ameaça exacerbar a pobreza energética na UE, nomeadamente numa altura em que os cidadãos ainda recuperam da crise da covid-19 e que poderão ter dificuldades em pagar as suas contas de aquecimento no outono e no inverno.
Na próxima semana, a instituição vai emitir diretrizes para ajudar os Estados-membros a lidar com a atual crise do setor energético, dentro do âmbito dos atuais regulamentos da UE, propondo medidas para os países adotarem ao nível nacional.
Já em dezembro, a Comissão Europeia apresentará um pacote de iniciativas sobre o setor energético.
Kadri Simson disse ainda hoje aos eurodeputados que a instituição vai considerar “todas as opções e ideias em cima da mesa”.
Uma dessas ideias foi proposta por Espanha e assenta na aquisição conjunta de gás, que a responsável disse não ser “uma ideia nova e que já foi discutida anteriormente, mas cuja complexidade e obstáculos práticos têm sempre superado os benefícios”.
“Do mesmo modo, foi proposta a ideia de uma aquisição conjunta de reservas de gás de emergência, numa base voluntária, e avaliamos todas estas opções para aumentar o grau de preparação”, acrescentou.
Por seu lado, “uma área específica ao nível da UE que estamos a analisar muito de perto é o armazenamento e aprovisionamento de gás”, realçou Kadri Simson, assinalando que, “apesar de os níveis de armazenamento de gás na UE estarem a aumentar, continuam a ser mais baixos do que o habitual para esta altura”,
Já esta manhã, a responsável tinha anunciado uma reforma do mercado do gás, que será proposta até final do ano.
Na intervenção final em plenário, Kadri Simson disse ainda que “poderia ser útil lançar um estudo sobre formação de preços e incentivos ao investimento no mercado da eletricidade”.
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