Os mercados financeiros devem ser dominados pelo MOMO e FOMO nos próximos tempos, depois de um fecho em alta do segundo trimestre, considera o chief strategist da corretora Interactive Brokers, Steve Sosnick.
MOMO e FOMO nada é mais do que siglas usadas nos mercados financeiros para nos referirmos ao chamado momentum trading (MOMO), uma estratégia que é focada na compra e venda de ativos baseada na atual tendência, ou seja, as entradas nos ativos ocorrem no sentido da atual tendência (subida ou descida), e ao Fear of Missing Out (FOMO), ou seja, perder uma oportunidade para um lucro avultado no mercado.
“O que é que podemos esperar no futuro? O MOMO e FOMO é provável que dominem os mercados até prova em contrário. Aplica-se a primeira lei de Newton: Um corpo [neste caso referindo-se aos mercados] que está em movimento permanecerá em movimento até ser influenciado por uma fonte externa. Existem muitos riscos potenciais e, portanto, uma ‘sólida parede’ de preocupações que estão à espreita no horizonte, mas as volatilidades implícitas são relativamente baixas porque o mercado decidiu cada vez mais ignorá-las. Isto inclui as moratórias tarifárias, a Big Beautiful Bill (lei orçamental norte-americana que já foi aprovada), com o potencial de causar défices crescentes, o dólar fraco e a próxima época de resultados”, é a perspetiva de Steve Sosnick para os próximos tempos nos mercados.
“Excetuando algumas breves e dolorosas semanas, nenhuma delas se revelou suficientemente forte para interromper o momentum. O que quer que não tenha ‘matado este mercado’ tornou-o mais forte. Mas só porque nenhuma delas o fez até agora, não significa que não o façam. Tenha em atenção as obrigações (bonds) – uma curva na yield muito mais acentuada sinalizaria receios de défice – e os lucros (earnings). Qualquer um deles pode revelar-se essa “força externa”, mesmo que não sejam motivo de preocupação agora”, reforça o chief strategist da Interactive Brokers.
Em análise ao segundo trimestre, nos mercados, Steve Sosnick considerou que se tratou de um período “fenomenal” apesar de uma “devastadora” descida e de uma “eufórica” recuperação.
“Senti-me tentado a chamar-lhe montanha-russa, mas as montanhas-russas geralmente começam com uma subida lenta até ao pico, depois uma queda angustiante antes de uma viagem volátil para o resto do percurso. Este trimestre fez o contrário. Começamos com uma grande queda – que começou nas semanas anteriores – e depois uma viagem volátil antes da subida constante que continua hoje”, disse o chief strategist da Interactive Brokers, sobre o segundo trimestre.
Steve Sosnick considerou que os benchmarks (índices de referência) para as ações norte-americanas comportaram-se “bem” , apesar de terem existido “grandes divergências à espreita sob a superfície”. Aqui surgiu uma nota positiva para as large cap tech (tecnológicas com valor superior a 10 mil milhões de dólares) e algo que esteja remotamente relacionado com a inteligência artificial (IA) acabou por ter um “bom desempenho, referiu Steve Sosnick. “O S&P 500 teve um excelente trimestre ao subir 9,5%”, acrescentou o chief strategist.
“Quando vemos a performance relativa do S&P Growth Index , ou seja o S&P com empresas de ‘crescimento’, em comparação com o índice para as empresas de ‘valor’ (value), e o S&P 500, vemos uma grande dispersão de performance. Existe sensivelmente um spread de oito pontos percentuais entre as empresas de ‘crescimento’ e o S&P 500 e outra vez entre o S&P 500 e as empresas de ‘valor’. É tudo sobre ‘crescimento'”, reforça Steve Sosnick.
“Desde o início do ano assistimos a algo similar, embora os números sejam um pouco diferentes. O S&P para empresas de ‘crescimento’/Nasdaq 100 estão a ‘conduzir o autocarro’, com um crescimento entre os 7 e os 8% desde o início do ano contra os 4,95% do S&P 500 e os 1,8% do S&P de ‘valor'”, sublinha Steve Sosnick.
Steve Sosnick adianta também que outra maneira de mostrar a “dominância” das large-cap tech é comparando o Nasdaq e o S&P 500 com o S&P 400 Midcap (com valor de mercado entre os dois e 10 mil milhões de dólares) e o Russell 2000. “Vemos que o S&P 500 supera tanto o Russell 2000 e o S&P 400 Midcap”, refere o chief strategist da Interactive Brokers. “Mas quando olhamos para o desempenho desde o início do ano verificamos que o índice para as smaller-cap está a tentar recuperar o atraso neste trimestre”, salientou Steve Sosnick.
O chief strategist da Interactive Brokers considerou que em termos gerais os mercados financeiros apresentaram “um bom desempenho” no segundo trimestre e desde o início do ano.
“Notavelmente, isto ocorreu com o dólar americano a atingir mínimos de vários anos em relação a um cabaz de moedas importantes”, refere Steve Sosnick. “A queda do dólar tem sido benéfica para as empresas norte-americanas, cujas abundantes receitas internacionais beneficiam de uma conversão cambial favorável, mas a combinação de um dólar mais fraco e de ações que se encontram em alta indica provavelmente uma migração constante de dinheiro de vários ativos norte-americanos para os mercados estrangeiros”, acrescentou o chief strategist da corretora.
No acumulado referente ao segundo trimestre o Nasdaq 100 manteve-se na liderança mas o índice japonês o Nikkei 225 subiu dois dígitos, superando o S&P 500 e outros mercados, ou índices, como o EuroStoxx 50, o FTSE 100 (Reino Unido), DAX (Alemanha) e o Hang Seng (Hong Kong).
“Desde o início do ano os vencedores têm sido o índice de Hong Kong e o índice bolsista alemão (DAX). Os seus ganhos de 20% superam por larga margem os ganhos de 7% do Nasdaq 100, enquanto que o Stoxx 50 acompanhou o ritmo do Nasdaq 100. Verificamos que o índice japonês Nikkei está atrasado desde o início do ano, tornando a sua recuperação no segundo trimestre ainda mais significativa”, conclui o chief strategist da Interactive Brokers.
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