A diferença de salários dos jovens portugueses com ensino superior face aos jovens com ensino secundário é cada vez mais curta. Passou de cerca de 50% em 2011 para 27% em 2022, atingindo mínimos históricos no ano passado, revela a edição 2023 do Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal, o relatório anual da Fundação José Neves, divulgado esta quinta-feira, 15 de junho.
“Entre 2021 e 2022, apesar do aumento do salário nominal em 3,6%, o salário real caiu 4%, já que o aumento verificado não cobriu a subida da inflação, tendo-se registado uma perda do poder de compra”, contabiliza o documento.
O impacto foi sentido para trabalhadores com todos os níveis de escolaridade, mas de forma muito pronunciada entre os jovens qualificados: -6%, detalha.
Apesar do encurtamento dos salários face a quem tem menos estudos, o relatório defende que “ter educação superior garante salários substancialmente mais elevados”. E não só.
Com efeito, os dados referentes ao emprego no pós-pandemia revelam um caminho mais facilitado para quem tem estudos. “A recuperação foi total entre os jovens com o ensino superior, mas entre os menos qualificados, a taxa de desemprego foi em 2022 de 18%, significativamente superior à de 2019”, ano em que se situou nos 13%.
O relatório dá conta de uma recuperação dos níveis de emprego e de uma alteração susbtantiva no mercado de emprego português, em geral. “Tornou-se mais qualificado e digital”. Isso referem os números: em 2022, 28% das competências pedidas eram digitais e 66% das ofertas de emprego anunciadas pediam competências digitais, um valor muito superior aos 54% de 2019.
A maioria das profissões aumentou os requisitos digitais e metade dos trabalhadores portugueses disseram ter passado a usar mais frequentemente tecnologias digitais. O sector da alta tecnologia continuou a crescer em Portugal e representa agora 45% do emprego total, situa a Fundação José Neves.
“A intensidade digital do emprego acelerou com a pandemia, mas no final de 2022 já estava em linha com a tendência de aumento entre 2017 e 2019. Ainda assim, a digitalização continua a crescer a um ritmo superior ao previsto para a década”, salienta o documento, que enfatiza o enorme potencial de digitalização por explorar, quer ao nível dos trabalhadores – 4 em cada 10 estão em empregos que não utilizam tecnologias digitais ou que fazem uma utilização muito básica – quer ao nível das empresas, uma vez que 48% das empresas têm um nível de digitalização baixo.
Esse potencial pode ser a luz ao fundo do túnel. “Dado que o nível de digitalização das empresas está positivamente associado a ganhos de produtividade na ordem dos 20% e a salários cerca de 3% superiores, a aposta da digitalização pode levar a uma maior competitividade das empresas e a melhores condições salariais para os trabalhadores”. As empresas mais digitais tendem a ter equipas gestoras e trabalhadores mais qualificados.
A edição 2023 do Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal, relatório anual da Fundação José Neves, apresenta as dinâmicas dos salários e do emprego durante o ano de 2022, foca-se na digitalização no emprego, nas empresas e na educação e apresenta caminhos para o futuro.
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