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Santa Casa: “provedora encontrou cancro financeiro mas tratou-o com paracetamol”

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social não tem dúvidas de que houve erros graves da gestão de Ana Jorge na Santa Casa e garante
MANUEL DE ALMEIDA/LUSA
16 Maio 2024, 18h57

A provedora exonerada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Ana Jorge, “encontrou um cancro financeiro mas tratou-o com Paracetamol”, atirou a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, ouvida pelos deputados durante a tarde desta quinta-feira, na Assembleia da República.

Maria do Rosário apontou que a antiga provedora e a mesa não elaboraram “qualquer plano estratégico” para a Santa Casa.

Entre os vários problemas com que a provedora se deparou ao chegar ao cargo, destacou aspetos como a “receita dos jogos em queda” e os “gastos com pessoal”. Neste último âmbito, reiterou que os custos aumentaram 11 milhões de euros desde 2023, para 162 milhões de euros em 2024.

Ana Jorge “decidiu, cumprindo o despacho da ministra anterior, suspender a operação de internacionalização dos jogos e liquidar a Santa Casa Global”, mas avançou para a medida “sem um plano de desinvestimento, que poderia permitir mitigar as contingências”, que, de acordo com a ministra, “podem atingir 30 milhões de euros”.

Assim sendo, no que diz respeito à operação da Santa Casa Global, passou-se de um prejuízo de 50 para 80 milhões de euros.

Ana Jorge, “enquanto gestora, não soube, não pôde ou não quis” resolver os problemas da Santa Casa, de acordo com a ministra do Governo da AD. De recordar que a governante já no passado tinha acusado Ana Jorge de agir em prol de benefícios próprios.

A situação da Santa Casa é de tal forma preocupante que “a rotura da tesouraria da Santa Casa da Misericórdia só não se concretizou pelo recorrente recurso a fundos públicos que a provedora fez no final de 2023 e já em 2024, em plena campanha eleitoral”.

Aos 191 milhões de euros de receitas dos jogos em 2023, “temos que somar” uma transferência do Instituto da Segurança Social no valor de 34 milhões de euros”. Um valor que terá sido definido “à medida” para colocar os resultados da Santa Casa em terreno positivo, de acordo com Maria do Rosário.

A ministra sublinhou que são falsas as acusações de que terá sido “rude”. Fez saber ainda que Ana Jorge havia colocado o lugar à disposição e, “depois de quase um mês de nenhuma colaboração e a situação a degradar-se”, a ministra chamou a provedora a uma reunião, para a informar que não contaria mais com os seus serviços. Para tal, fez saber que a própria Ana Jorge e cada elemento da mesa poderiam optar pela demissão, ou então seriam exonerados.

Posto isto, a ministra sublinhou que as exonerações de Ana Jorge e da mesa foram feitas dentro dos trâmites legais.

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