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Schroders: Agenda socioambiental de Biden poderá ser cortada a metade para agradar Congresso

As principais propostas de Biden do foro ambiental e social poderão ser cortadas a metade para serem aprovadas em grande maioria no Congresso. Embora a Câmara dos Representantes e o Senado tenham uma maioria democrata, a analista da consultora Schroders considera que o apoio dos republicanos na aprovação de leis será crucial para o mandato do novo presidente dos EUA.
  • Tom Brenner/Reuters
21 Janeiro 2021, 17h40

No primeiro dia do seu mandato enquanto presidente dos Estados Unidos, Joe Biden assinou 17 decretos-lei que tinham, como principal função, reverter algumas das decisões tomadas pela administração Trump nos últimos quatro anos, nomeadamente, a reintegração da Organização Mundial de Saúde e o regresso ao Acordo de Paris.

Embora alguns especialistas considerem que o presidente eleito já tenha gasto todos os trunfos do seu mandato no seu primeiro dia, a verdade é que com uma Câmara de Representantes e um Senado com a maioria democrata, aprovar leis não será tarefa difícil.

No entanto, os analistas ambientais e sociais da Schroders consideram que embora tenha esse apoio no Congresso, Joe Biden terá que reavaliar algumas das suas propostas mais ambiciosas não só para que consiga assegurar a totalidade dos votos democratas, mas também para que tenha algum apoio da ala republicana.

Propostas ambiciosas poderão ser cortadas a metade

Em particular, o plano climático proposto por Biden de dois biliões (trillion, em inglês) pode acabar por ser reduzido a metade desse valor. Para Catherine Macaulay, analista de investimentos sustentáveis da Schroders, mesmo que esse valor seja reduzido a metade para agradar ambas as partes, será importante que o foco permaneça em soluções verdes, incluindo energia renovável, transporte alternativo, imóveis sustentáveis e tecnologia limpa.

No lado social, a proposta do aumento do salário mínimo 7,25 dólares por hora para 15 dólares por hora, parece improvável que garanta apoio aos olhos da analista, a menos que seja “reduzido substancialmente”. Mesmo com esta redução, Macaulay antecipa que se possa fazer algum progresso no aprimoramento das redes de segurança social nos Estados Unidos.

Na área da saúde, as propostas para limitar os aumentos dos preços dos medicamentos não devem criar controversas no Congresso, já uma opção de seguro saúde público poderá levantar algumas sobrancelhas tanto do lado democrata como republicano.

Biden também poderá ver-se forçado a minorar as exigências de um decreto-lei que defenda uma maior regulamentação por parte das grandes tecnologias em termos de responsabilidade de conteúdo e privacidade de dados.

Embora o apoio do Senado e da Câmara dos Representantes seja crucial para que haja uma colaboração entre o Congresso e o Presidente nos próximos quatro anos, de acordo com a constituição norte-americana, Biden tem nas mãos a opção de decretar leis somente através do poder executivo. Esta alternativa poderá ser determinante para implementar uma nova estratégia nos setores de energia, petróleo e gás e automóvel e reverter decisões tomadas pela administração Trump, nomeadamente, regulamentações mais rígidas sobre as emissões, especialmente sobre metano e no sector de petróleo e gás, e sobre a limitação das emissões do sector de energia.

Biden também terá alguma discrição para direcionar as despesas federais para fins mais sustentáveis, como suspender o arrendamento de petróleo e gás em terras federais e aumentar a carga regulatória sobre os arrendamentos existentes.

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