Um jardim é feito de muitos ingredientes. Destacamos o convívio e lazer, e os fragmentos de história que nos dão pistas sobre os lugares onde se inserem. E também o facto de serem um pulmão que contribui para melhorar a qualidade de vida nas cidades.
Uns são mais antigos e românticos, outros mais modernos e funcionais. Mas, de norte a sul e nas ilhas, todos têm na sua génese o mesmo objetivo: conservar e divulgar espécies botânicas de todo o mundo. Há, inclusive, aqueles que são parte integrante de Universidades e que, por essa razão, contam com uma secção de investigação científica, dedicada ao estudo e manutenção dessas mesmas espécies. Até porque outra das razões da sua existência – em tempos anteriores à globalização – era precisamente a importação e posterior cultivo de espécies de climas diferentes, que depois seriam comercializadas.
Os registos mais antigos dizem-nos que, há três mil anos, no Antigo Egito, terá sido criado um jardim com essa finalidade, pois o comércio de especiarias assim o exigia. Com o passar do tempo, as plantações e estufas foram sendo aperfeiçoadas e, séculos mais tarde, serviram de inspiração para a criação dos jardins botânicos como hoje os conhecemos.
Em Portugal, o mais antigo – o Jardim Botânico da Ajuda – foi inaugurado em 1768. Quatro anos depois, nascia o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Duas referências maiores no que respeita a jardins botânicos no país, a par do Jardim Botânico de Lisboa e do Porto, fundados “oficialmente” em 1878 e 1951, apesar da sua existência ser muito anterior.
Os jardins que se seguem são a garantia de um dia muito bem passado, em família ou em qualquer outra “versão”, a refrescar ideias e sentidos no meio de espécies oriundas dos cinco continentes.
Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, Coimbra
Inscrito desde 1772 no coração de Coimbra, liga a Alta e a Baixa da cidade, até perto do rio Mondego. Foi criado por iniciativa do Marquês de Pombal a fim de complementar o estudo da História Natural e da Medicina. Com uma área total de 13 hectares, é um espaço com elevado valor científico, arquitetónico e paisagístico, e faz parte da lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO.
Uma particularidade que vale a pena ouvir: o podcast sobre botânica, “onde não há perguntas estranhas nem respostas óbvias”, Todas as plantas têm nome. Uma iniciativa conjunta do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra e da Rádio Universidade de Coimbra, que em breve terá uma segunda temporada.
Horário de Funcionamento: Jardim, das 9:00 até às 20:00. Estufas, das 9:00 às 12:00 e das 14:30 às 17:00
Nota: Acesso gratuito, excluindo estufas e mata; existe serviço de visitas guiadas para grupos com pré-marcação
Jardim Botânico José do Canto, Ponta Delgada, São Miguel, Açores
O centro de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, acolhe este espaço verde que é muito mais do que um mero jardim, com plantas de diferentes regiões do mundo. Também abriga algumas plantas endémicas, uma igreja e uma bela cascata.
José do Canto, a quem o jardim botânico deve o seu nome, era um homem culto, apaixonado pela natureza e pela botânica em particular. Razão que o levou a inaugurar esta pérola nos anos cinquenta do século XIX, corolário de uma vida a fazer contactos com jardins botânicos e viveiristas de todo o mundo. As espécies oriundas dos quatro cantos do planeta foram depois usadas nas suas matas ajardinadas das Furnas e da Lagoa do Congro.
Horário de Funcionamento: Aberto todos os dias das 09:00 às 17:00 horas
Jardim Botânico da Madeira, Funchal
Inaugurado em 1960, concilia duas vertentes: jardim botânico e centro de investigação, dando especial ênfase à flora macaronésica e à biodiversidade vegetal do arquipélago da Madeira. Reúne cerca de 2500 plantas, provenientes de todo o mundo, que se dividem em cinco áreas principais: Indígenas e Endémicas, Arboreto, Suculentas, Tropicais/Cultivares/Aromáticas/Medicinais e ainda o Loiro Parque.
Horário de Funcionamento: Aberto todos os dias das 09:00 às 18:00 horas
Nota: Visitas guiadas mediante marcação prévia
Jardim Botânico do Porto, Porto
O Botânico do Porto já passou por muitas “mãos” até ser o que é hoje. Localizado no Campo Alegre, pertenceu à Ordem de Cristo, e foi convertido no início do século XIX em quinta de recreio de várias famílias notáveis do Porto. A família Andresen foi o último proprietário. Sophia de Mello Breyner Andresen nunca lá viveu, mas passou boa parte da infância nesta quinta do avô Jan Andresen. Tê-la-á marcado, pois reviveu-o em várias das suas obras, em particular nos contos “A Floresta” e “O Rapaz de Bronze”. Mais de 60 anos depois da sua criação, o jardim continua a ter esse poder encantatório. Estamos aliás em “território fabuloso”, como lhe chamou Sophia.
Horário de Funcionamento: Todos os dias da semana, das 09:00 às 19:00
Jardim Botânico da UTAD, Vila Real
Atualmente, é um dos maiores jardins botânicos da Europa. Tem aproximadamente 80 hectares e abriga uma das mais importantes coleções vivas de Portugal. Está integrado no campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, a cerca de 500 metros de altitude, abrangendo os terraços e escarpas sobranceiros ao Rio Corgo, integrados na Reserva Ecológica Nacional e Rede Natura 2000. Além de convidar a passeios relaxantes, também cumpre o desígnio de divulgar e conservar as espécies vegetais lusitanas.
Nota: Visitas guiadas mediante marcação prévia através do site
Jardim Botânico da Ajuda, Lisboa
Lisboa dispõe de três jardins botânicos, o da Ajuda, o Tropical e o da Universidade de Lisboa. Todos são lugares mágicos, mas escolhemos como critério a antiguidade. Ora, sendo o Jardim Botânico da Ajuda o primeiro do género em Portugal, aqui ficam alguns apontamentos sobre a sua história.
Abriu portas em 1768 e deve a sua criação ao Marquês de Pombal. Projetado pelo italiano Domingos Vandelli, a arquitetura segue os modelos renascentistas em terraços na encosta e foi pensado como museu e viveiro de espécies botânicas oriundas das mais diversas partes do mundo. Fica junto ao Palácio da Ajuda e está sob a tutela do Instituto Superior de Agronomia.
O Jardim dos Aromas foi desenhado especialmente para visitantes invisuais: todas as indicações estão em braille e as plantas encontram-se dispostas para serem facilmente tocadas e cheiradas.
Horário de Funcionamento: Todos os dias das 09:00 às 20:00
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