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Secretário de Estado dos EUA na China durante uma semana

Antony Blinken deverá estar esta sexta-feira na China para tentar desanuviar uma relação que nunca esteve a tão baixo nível. Mas um telefonema do seu homólogo chinês antes do embarque pode colocar em causa a viagem.
15 Junho 2023, 17h24

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, estará na China, em princípio, entre esta sexta-feira e o próximo dia 21 de junho. A visita de Blinken esteve prevista anteriormente, mas acabou por seu adiada depois da crise dos ‘balões espiões’ que, vindo da China, sobrevoaram uma parte do território norte-americano antes de serem abatidos pela força aérea do país.

Blinken parte para a China numa altura em que as relações entre os dois países estão no nível mais baixo que alguma vez atingiram desde o fim da II Guerra Mundial, quando Mao Tsé-Tung (em 1949) tomou o poder. Depois do desanuviamento dos anos de 1970 e da opção chinesa pelo capitalismo de Estado (manifestada principalmente a partir de 2000), as relações entre as duas potências sofreram avanços e recuos até ter sido ‘dinamitada’ pelo anterior presidente, Donald Trump.

A chegada de um democrata, Joe Biden, à Casa Branca, não alterou em nada a postura conflituosa dos Estados Unidos face ao concorrente chinês e a partir de então as relações entre os dois países têm vindo a deteriorar-se. A guerra na Ucrânia veio piorar tudo: a China não quis comprometer-se com uma oposição frontal à invasão russa e os Estados Unidos foram ‘empurrando’ o regime de Pequim para o redil dos ‘ex-amigos’. Os problemas em torno de Taiwan – que durante décadas não suscitaram a Washington qualquer reserva – passaram repentinamente para a ordem do dia, principalmente depois de Pequim ter usado mão de ferro para calar os problemas que chegou a ter em Hong Kong.

Trump transformou as reservas ideológicas numa espécie de corrida pela supremacia económica e Pequim respondeu com o aumento da sua influência junto de um inúmero grupo de países. Entre eles contam-se todos os países que fazem parte da América do Sul, que, sem exceção, têm na China o seu principal parceiro económico.

Tudo ficou definitivamente arruinado quando os Estados Unidos convenceram a NATO a isolar a China como o seu mais série inimigo a prazo – depois de passado o problema da Rússia.

A viagem de Blinken à China é uma forma de os dois países tentarem refrear os ímpetos de cólera que cada um tem em relação ao outro. Os jornais norte-americanos dizem que a função do secretário de Estado é a de acrescentar alguma sensatez a uma relação que já foi bem mais próximo e cuja diluição acaba por não beneficiar nenhuma das partes.

Mas o momento é realmente difícil. A pontos de um telefone que antecedeu a viagem entre Blinken e o seu homólogo chinês, o ministro dos Negócios Estrangeiros Qin Gang, nãr ter acabado da melhor forma. Para a casa Branca, o telefonema serviu para os dois países trocarem pontos de vista sobre vários assuntos.

Mas, pouco depois, surgia a versão chinesa em forma de comunicado, em que o ministério afirmava que o telefonema serviu para Qin Gang advertir os Estados Unidos de que não deve intrometer-se em questões de política interna – como seja, por exemplo, a questão de Taiwan. Para já, o secretário de Estado não deu conhecimento de novo cancelamento da viagem, mas o telefonema, que deveria ser nada mais que um pró-forma, serve para atestar até que ponto estão tensas as relações das duas maiores economias do mundo.

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