As empresas familiares, apesar da sua acentuada e identitária individualidade, assumem características comuns que permitem a sua abordagem como conjunto.

Uma dessas características, sobretudo nas primeiras gerações, é a conformação da empresa a partir da forte personalidade do seu fundador.

Fundar uma empresa, dar-lhe vida e sustentabilidade, criar condições para que se perpetue, exige uma personalidade forte a que estão normalmente associados mandatos longos.

Também por isso é frequente que ao conforto e estabilidade que tal situação propicia suceda alguma instabilidade, alguns ajustamentos e uma nova abordagem ao exercício das diversas funções.

Ou seja, é natural que as funções concentradas durante muitos anos numa única pessoa passem a ser assumidas por várias. Situação que poderá ser, em si mesma, bastante proveitosa.

E é bom ter presente que não estamos a falar de uma mera repartição de funções. Antes se pretende instituir uma verdadeira segregação de funções. Segregação que será sempre, em bom rigor, um puzzle virtuoso de poderes e contrapoderes.

De facto, separar as decisões da família, as decisões dos negócios e as decisões de propriedade comporta um reforço significativo dos mecanismos de controlo, um diálogo institucionalizado com objectivos precisos, e uma mobilização e participação mais alargadas.

Certamente que não há caminhos perfeitos e, muito menos, uma única via. Este caminho está a ser experimentado nalgumas empresas familiares, ao que se sabe com resultados interessantes. Fica para reflexão dos leitores.

 O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.