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Segregação entre escolas e turmas da mesma escola e o que a explica

Estudo da Nova SBE revela importância da formação das turmas no aumento e diminuição da segregação escolar. No caso dos alunos mais velhos também pesa a área que escolhem e que os leva muitas vezes diretamente a determinada turma.
13 Outubro 2020, 19h25

“Quanto maior é o nível de segregação académico também maior é o nível de segregação económico, tanto entre escolas como dentro das escolas”, afirma João Firmino, do centro da Economia da Educação, unidade de investigação da Nova SBE que tenta casar grandes quantidades de dados dos alunos, do sistema educativo e quantificar impactos das política da educação.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), que Portugal integra, constatou aquela correlação ao nível de países e o Nova SBE Economics of Education Knowledge Center a verifica agora que a segregação acontece entre as escolas portuguesas e dentro dessas mesmas escolas.

Numa sessão realizada esta terça-feira, 13 de outubro, durante a qual foram apresentados 13 projetos-chave desenvolvidos na Nova SBE, João Firmino apresentou as principais conclusões do estudo “Segregação de Alunos nas Escolas – O Caso do Sistema de Escolas Públicas Portuguesas”.

Por segregação entenda-se o desnivelamento existente na distribuição de  alunos quer entre as escolas de um determinado município, quer dentro das escolas entre as turmas do mesmo ano. Foram tidos em consideração três critérios: alunos com SASE A (Serviço de Apoio Social Escolar), com, pelo menos, uma retenção, e dimensão emigrante, isto é nascidos no estrangeiro.

A primeira conclusão é a existência de segregação entre turmas da mesma escola (5º ao 9.º ano), numa proporção de 20%. “Isso significa que seria necessário realocar 20% dos alunos com, pelo menos, uma retenção entre as turmas de uma dada escola, em média, para se obter uma distribuição completamente igualitária deste tipo de alunos”, explica João Firmino. No entanto, esta média, alerta o investigador, “esconde alguma heterogeneidade”, com um quarto das escolas a revelar um indicador de segregação de mais de 33%, ao passo que um outro quarto tem um indicador de apenas 10%. Isto significa, salienta, que há “uma grande heterogeneidade na maneira como as escolas optam por criar as turmas olhando para as características académicas dos alunos”.

A segregação académica cresce bastante no ensino secundário (do 10.º ao 12.º), atingindo níveis entre 30 a 45%. Razão? “É difícil não relacionar este aumento com a escolha do curso secundário, porque é muito essa escolha que vai determinar a turma em que o aluno vai ficar colocado”, justifica João Firmino. São assim as próprias decisões dos alunos a fazer aumentar os níveis de segregação.

Quando se comparam os níveis de segregação entre escolas de um mesmo município constata-se uma “grande relação entre o ciclo de ensino e os valores de segregação. À medida que avançamos no ano de ensino, a segregação diminui”, sublinha o investigador. Segundo João Firmino, a existência dos critérios da área de influência e de residência usados para o desempate das matriculas também têm o seu peso.

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