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Seguradoras otimistas com impacto da IA na subscrição e redução de fraudes

Entre as conclusões do estudo o destaque vai para o facto de 62% dos responsáveis do setor dos seguros concordarem que a Inteligência Artificial (IA) pode melhorar a qualidade da subscrição e reduzir as fraudes.
6 Maio 2024, 13h52

O novo estudo “World Property and Casualty Insurance Report 2024” da Capgemini conclui que apenas 8% das seguradoras especializadas em Seguros do Ramo Não Vida são consideradas “pioneiras” em matéria de subscrição, aproveitando a Inteligência Artificial (IA) e a automação para tomarem melhores decisões e avaliarem os riscos com mais precisão e eficiência.

Entre as conclusões do estudo o destaque vai para o facto de 62% dos responsáveis do sector dos seguros concordarem que a IA pode melhorar a qualidade da subscrição e reduzir as fraudes.

Segundo o relatório, há 43% dos segurados que confiam e aceitam regularmente recomendações automáticas provenientes de ferramentas de análise preditiva, mas muitos ainda se preocupam com a complexidade e a integridade dos dados.

O “World Property and Casualty Insurance Report 2024” baseia-se em informações provenientes de três fontes principais: o estudo “Global Insurance Voice of the Customer 2024”, o estudo “Global Insurance Executives Survey 2024”, e o “Global Insurance Underwriters Survey 2024”.

Estes estudos cobrem 18 mercados, nomeadamente: Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, França, Alemanha, Hong Kong, Índia, Itália, Japão, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido e EUA.

Seguradoras Não Vida enfrentam desafios crescentes, diz Capgemini

À medida que as pressões inflacionistas afetam os segurados, estes exigem cada vez mais prémios acessíveis, claros e transparentes às suas seguradoras. Há 42% dos segurados que consideram o atual processo de subscrição complexo e moroso. Além disso, 27% dos segurados mudaram de seguradora nos últimos dois anos, procurando prémios menos dispendiosos (60%) e coberturas mais abrangentes (53%).

O “World Property and Casualty Insurance Report 2024” da Capgemini conclui ainda que, embora o valor dos prémios tenha aumentado, a subscrição tem-se debatido com dificuldades e os rácios combinados ultrapassaram os 100%. Ora, este facto, segundo a análise, deve-se às catástrofes naturais, conjugadas com a evolução dos riscos inerentes às inovações tecnológicas, ao número cada vez maior de ciberataques, à emergência da IA Generativa, e à crescente complexidade regulamentar.

Os líderes do sector consideram que existem barreiras organizacionais significativas que afetam a sua capacidade de atrair clientes, nomeadamente o acesso insuficiente aos dados (54%), os sistemas de TI obsoletos (51%) e a escassez de recursos humanos devidamente qualificados (47%).

“Atualmente as seguradoras operam num dos ambientes mais voláteis dos últimos anos. O sector deve repensar as condições de subscrição para puder lidar com esta volatilidade”, defende em comunicado Adam Denninger, Global Insurance Industry Leader da Capgemini, acrescentando que, “para o fazerem as seguradoras terão de se afastar dos modelos tradicionais e modernizar os seus sistemas, implementando tecnologias avançadas que lhes permitirão obter melhores resultados e mais transparência”.

“É crucial para o sector aproveitar os dados e a automação habilitada por IA para criar um ambiente competitivo mais propício à rentabilidade, enquanto se adapta às novas dinâmicas dos riscos e dos comportamentos dos segurados”, defende o gestor.

O estudo defende a tese de que a confiança dos segurados “é essencial para poderem usufruir dos benefícios disponibilizados pelas seguradoras pioneiras”.

A análise revela que 62% dos inquiridos foram unânimes em concordar que a IA melhora a qualidade da subscrição e contribui para reduzir o nível de fraude.

Apesar destes benefícios, apenas 43% dos segurados revelaram que confiam e aceitam regularmente recomendações automáticas provenientes de ferramentas de análise preditiva para apoiar os seus processos de decisão. Segundo a Capgemini, esta hesitação deve-se a um sentimento de demasiada complexidade (67%) e ao receio com a integridade e clareza dos dados (59%).

“As seguradoras podem superar esta relutância, de acordo com o estudo, se envolverem os segurados desde o início para obterem a sua concordância, mantendo o “aspeto humano no circuito” de modo a garantirem que os modelos de IA/ML (machine learning)são compreensíveis e transparentes e avaliando continuamente o progresso”, refere o estudo.

“Embora os esforços de algumas seguradoras nestas áreas pareçam promissores, são poucas as que estão a ser bem-sucedidas a revelar as suas competências pioneiras e que são necessárias para tomar decisões de subscrição rápidas, imparciais e inovadoras”, acrescenta a análise.

“Capacitados com os recursos avançados corretos de subscrição, os primeiros utilizadores podem esperar obter benefícios a nível da eficiência (maior velocidade e menores despesas), da precisão (custos de sinistros e deteção de fraudes) e da melhoria da experiência do cliente (retenção de novos negócios e segurados)”, defende a Capgemini.

O estudo conclui que menos de 13% dos early adopters não atinge os objetivos de negócio associados a estas prioridades, em comparação com 21-36% das seguradoras convencionais.

A maioria (83%) das seguradoras acredita que os modelos preditivos desempenham um papel crítico no futuro da subscrição, mas apenas 27% afirmaram que a sua organização possui recursos avançados de subscrição, ainda segundo o mesmo estudo que defende que “a obtenção de informação prática e orientada por dados começa por dispor de um ecossistema de dados seguro”.

Na análise, 53% dos segurados em todo o mundo revelaram estar preocupados com a quantidade de informações pessoais que são recolhidas pelas seguradoras. No entanto, quase dois terços afirmaram que estariam dispostos a partilhar mais dados para obterem níveis mais elevados de transparência, descontos e garantias de que a sua informação está segura.

“Isto representa uma oportunidade para ampliar as propostas de mitigação dos riscos e melhorar a segurabilidade, contribuindo em simultâneo para aumentar a confiança e a taxa de retenção de clientes”, defende a Capgemini.

“As seguradoras do ramo Não-Vida enfrentam um desafio considerável no momento de satisfazerem as expectativas que os seus segurados têm sobre os dados, já que ainda existem lacunas significativas entre a importância dos diferentes tipos de dados e a maturidade da capacidade das seguradoras para os processarem”, acrescenta o estudo.

A Capgemini diz ainda que 49% dos segurados valorizam os dados provenientes de imagens de drones, mas muito poucas seguradoras são capazes de os processar e analisar eficazmente. Da mesma forma, um em cada dois segurados quer que os dados dos dispositivos conectados permitam obter informações em tempo real sobre ativos pessoais e empresariais, mas apenas 12% das seguradoras são capazes de capturar estes dados de forma eficaz.

O relatório conclui que a “consequente falta de controlo dos dados é prejudicial para a atividade principal das seguradoras, uma vez que 77% não avalia plenamente o risco”.

Devido aos dados limitados disponíveis, 73% das empresas enfrentam preços imprecisos, o que impede que os créditos sejam cobertos adequadamente e pode, em última análise, prejudicar a sua solvabilidade. Além disso, 70% das seguradoras afirmaram que as decisões de subscrição inconsistentes são um grande problema, constata o estudo.

De acordo com a análise, a falta de controlo dos dados está a prejudicar o core business das companhias de seguros.

Já a avaliação incompleta dos riscos afeta 77% das seguradoras.

“Sem disporem dos recursos necessários que lhes permitam tratarem os dados eficientemente, 73% das empresas do sector não está em condições de criar valorações adequadas à cobertura dos respetivos sinistros. O que, em última análise, poderá pôr em perigo a solvência das seguradoras. Também 70% dos inquiridos sublinhou que as decisões de subscrição inconsistentes são uma questão predominante”, lê-se no comunicado.

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