Não é normal esperar que a Segurança Social continue a pagar pensões tão elevadas, sem existir um plafonamento dos descontos”. A mensagem é transmitida por Gonçalo Castro Pereira, vice-presidente da Gamalife. O responsável partilhou a sua visão sobre o atual momento das seguradores na última quarta-feira, 16 de julho, no Special Report ‘Os Seguros e a Incerteza Extrema”, promovido pelo Jornal Económico (JE), para discutir a perspetiva de evolução no setor dos seguros.
Gonçalo Castro Pereira defende que toda a população quer viver mais e com melhor qualidade, mas que não podem estar dependentes dos apoios do Estado. “Temos que mergulhar a fundo e perceber que não temos de ser tão paternalistas no acompanhamento das pessoas na sua reforma. Há 50 anos não havia pensões de reforma. Se calhar temos de recordar como se prepara a vida pós-ativa”, salientou.
“Há uma cultura de não preocupação com o futuro porque o Estado vai prover. E isso não é bem real. Há uma falta de disponibilidade financeira para começar a poupança porque vivemos num país de salários baixos e carga fiscal elevada, não há proporcionalidade”, realçou. “É possível começar a poupar com 25 euros por mês e à medida que se for evoluindo no salário e no mercado de trabalho, vai reforçando essa aposta. Tudo é possível cada um na sua proporção”, aponta.
Cinco pontos de incerteza
Para o responsável existem cinco pontos que influenciam atualmente a incerteza nos seguros. Uma carga regulatória em crescendo de modernização e na forma como falamos com os clientes, o risco climatérico, o ciberrisco que atinge uma dimensão preocupante e temos de nos proteger não só em seguros, mas também proporcionando às pessoas ferramentas para saberem como se proteger”, a longevidade, realçando que é preciso haver soluções para as pessoas com mais idade.
“É importante para todos os atores do mercado terem um cliente cada vez mais informado. Um cliente informado é um cliente fiel, porque sabe aquilo que comprou”, afirmou.
Na sua intervenção, Castro Pereira abordou também os desafios colocados pela Inteligência Artificial (IA), que no seu entender servem como complemento e não como substituto da mão humana. “A Inteligência Artificial é um acelerador de conhecimento, mas a mente humana é fundamental. Quais são os limites da IA? É preciso não ter tabus, mas é preciso ter noção de que há esse risco”, sublinhou.
O responsável destacou ainda que os clientes precisam de ter uma noção de que se querem uma rentabilidade mais elevada não podem ir para um produto 100% garantido.
“Já lá vai o tempo de rentabilidades elevadas com produtos garantidos. É importante que se ajuste ao longo da nossa vida as necessidades que vamos tendo. É muito importante termos a consciência de que temos de ter um seguro de vida de risco puro. Todo este esforço que temos de continuar a fazer no setor, tem a ver com a incerteza inerente de estarmos vivo e de termos essa consciência”, referiu.
Outro dos temas abordados foi a literacia do risco, que para Gonçalo Castro Pereira, é tão ou mais importante do que a literacia financeira.
“A literacia do risco tem a ver com a consciência de que nós corremos riscos. Ao longo da vida corremos sempre riscos e temos de ter a perceção de que eles podem ou não ocorrer”, referiu.
Apesar da expectativa ser sempre de que não ocorram, a probabilidade de que nunca venham a ocorrer é pouca, e por isso, o responsável realçou a importância de nos proteger, quer com seguros de risco de vida, quer com seguros financeiros para acautelar o futuro em termos de reforma, quer patrimoniais, dado que temos de proteger a casa onde vivemos.
“É importante para todos os atores do mercado terem um cliente cada vez mais informado, mais consciente do que é uma cobertura, uma exclusão e das responsabilidades que está a passar para uma seguradora”, concluiu.
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