A transformação digital do setor dos seguros não é uma opção. É a resposta inteligente aos desafios desta era, em que o digital molda a forma como vivemos.

Desde sempre que os seguros acompanham os desafios próprios de cada era. Na Antiga Grécia, por volta do ano 500 A.C. surgem os primeiros fundos de reserva para auxílio mútuo, aplicáveis a infortúnio de mar, incêndio e pirataria. Séculos mais tarde, o grande incêndio que devastou Londres em 1666 deu origem à figura moderna da proteção patrimonial.

E hoje? Na era digital em que vivemos, a disrupção tecnológica transforma diariamente as nossas habitações, locais de trabalho e hábitos, criando desafios em todas as frentes. No mundo laboral, por exemplo, a automatização traz oportunidades, mas também novos riscos de infoexclusão e de aumento da precariedade, como indica o relatório da OCDE “Measuring the Digital Transformation”, publicado em março.

Em termos de cibersegurança, o cryptojacking é uma tendência emergente, sem esquecer a ameaça do ransomware contra empresas e cidadãos. Nas áreas de saúde e bem-estar, a monitorização em tempo real deteta doenças atempadamente e incentiva hábitos mais saudáveis.

Estes são apenas escassos exemplos de como o digital está a moldar e a revolucionar todas as dimensões da vida pessoal e laboral. Esta transformação é complexa e transversal a todos os setores e cidadãos, o que gera também, inevitavelmente, novas necessidades de proteção.

O setor dos seguros deve estar, como sempre esteve historicamente, na linha da frente de resposta a estas necessidades emergentes. Aos seguradores é exigido que sejam pioneiros em novas soluções de proteção na era digital, papel que devemos assumir sem hesitações.

A era digital traz novas necessidades de proteção, mas também novas possibilidades tecnológicas que estão a revolucionar, internamente, o negócio segurador. Apesar de o trabalho dos seguradores sempre ter assentado na recolha e análise de dados, com a transformação digital em curso, a quantidade de dados aumentou exponencialmente e é essencial aumentar a capacidade de análise e consequente aplicabilidade na transformação digital do negócio.

Estas são as vias para transformar torrentes de dados dispersos em informação capaz de sustentar seguros igualmente inteligentes, ajustados em tempo real às necessidades de cada um e disponíveis em qualquer momento e lugar.

Big data e small data, inteligência artificial, machine learning, internet of things ou distributed ledger technology (DLT) são conceitos que estão a transformar o modelo de negócio segurador e as soluções de seguro. Os primeiros resultados começam a ser evidentes: os produtos standard estão a evoluir progressivamente para soluções individualizadas – como o pay-per-use ou o pay as you live que ajustam o prémio de acordo com o estilo de vida e o risco efetivo – adaptadas às especificidades de proteção que melhor servem cada particular e empresa.

O InsurTech, ou a integração de toda esta tecnologia no setor segurador, é essencial para conhecer necessidades e preferências em rápida mudança, configurar os serviços mais coerentes aos preços mais competitivos e elevar a experiência digital.

Proteção inteligente nesta era digital traduz a capacidade de criar soluções individuais com o foco no consumidor. As vantagens são claras para segurados e seguradores, mas é preciso começar desde já. Os seguradores que melhor e mais rapidamente se souberem antecipar e criar verdadeiras soluções inteligentes de proteção na era digital vão merecer, certamente, a preferência e a confiança dos consumidores.