No exercício de 2020, os bancos portugueses (BCP, CGD, Novo Banco, Santander Totta, Banco BPI, Banco Montepio) registaram um prejuízo líquido agregado de 293 milhões de euros, o que compara com um lucro líquido de 894 milhões em 2019. Numa base trimestral, o prejuízo totalizou 250 milhões de euros no quarto trimestre de 2020, refere a DBRS.
Os resultados em 2020 foram afetados por um aumento nos níveis de provisionamento, bem como pela pressão de receita devido ao agravamento do ambiente económico causado pela pandemia Covid-19, detalha a agência de rating.
As receitas core (margem financeira e comissões) em termos agregados diminuíram com o confinamento afetando as atividades empresariais e o consumo, especialmente no segundo trimestre, enquanto as provisões e imparidades para crédito mais do que duplicaram em 2020, constata a DBRS.
No entanto, enquanto o PIB de Portugal caiu 7,6% em 2020, o que é quase o dobro do declínio sofrido durante a crise da dívida soberana europeia em 2012, o stock de crédito em incumprimento bruto (NPL – Non Performing Loans) na verdade diminuiu 22% no mesmo período graças às vendas de carteiras de NPL (crédito malparado); a write-offs e a curas de crédito em incumprimento (retoma de pagamento do crédito).
Por enquanto, medidas de apoio a políticas, como suspensões de encargos, moratórias de crédito e empréstimos garantidos pelo Estado, mitigaram a queda da economia protegendo a qualidade dos ativos dos bancos. “No entanto, em nossa opinião, o impacto na qualidade do crédito será mais evidente quando essas medidas forem retiradas”, conclui a DBRS.
Em termos de balanço, alguns bancos reportaram um aumento significativo do volume de crédito a empresas, incluindo a PME. Sendo que este crescimento reflete amplamente a oferta de linhas de crédito protocoladas (com garantia estatal) para apoiar a economia no contexto da pandemia. A dinâmica do crédito para 2020 também refletiu o impacto da moratória.
Do lado do passivo, houve um aumento nos depósitos, pois os consumidores e as empresas tornaram-se mais prudentes na acumulação de poupança, dada a incerteza contínua em torno da pandemia e o seu impacto final na economia.
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