[weglot_switcher]

“Sem voto impresso não haverá eleição”. Bolsonaro quer acabar com voto eletrónico

“A única republiqueta do mundo que aceita essa porcaria de voto eletrónico é a nossa. Tem de ser mudado”, disse Jair Bolsonaro.
7 Maio 2021, 11h39

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro quer o fim do voto eletrónico e defende que as eleições devem decorrer exclusivamente por voto impresso. Se a sua proposta não passar, as eleições presidenciais em 2022 poderão não avançar, ameaçou o presidente brasileiro.

A posição de Bolsonaro foi reforçada na quinta-feira num direto feito pelo Facebook. “A única republiqueta do mundo que aceita essa porcaria de voto eletrónico é a nossa. Tem de ser mudado. E digo mais: se o Parlamento brasileiro, com maioria qualificada e três quintos na Câmara [dos Deputados] e no Senado, aprovar e promulgar vai haver voto impresso em 2022 e ponto final”, sublinhou o presidente brasileiro.

Durante a sua intervenção Bolsonaro assegurou que “se não houver voto impresso é sinal que não vai haver eleição”. “Acho que o recado está dado”, completou.

O governante brasileiro referiu ainda que os defensores da democracia, que querem que o voto “valha de verdade”, têm de aprovar a adotar a medida para que os votos possam ser validados. Assim, Bolsonaro agradeceu ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Bia Kicis, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, por darem prosseguimento à tramitação de uma proposta de emenda à Constituição nesse sentido.

Os comentários surgem depois de Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, considerar o sistema de voto em urna eletrónica “totalmente confiável”. Relativamente à proposta de Bolsonaro, Roberto Barroso admitiu, em entrevista à “Globo”, que: “Vamos criar o caos num sistema que funciona muitíssimo bem”.

“O Brasil tem 5.600 municípios. O voto impresso vai permitir que cada candidato que queira questionar o resultado peça a conferência dos votos. Vai contratar os melhores advogados eleitorais do país para buscar uma nulidade, alguma inconsistência e vai questionar oficialmente o resultado das eleições”, prevê o presidente do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil.

Jair Bolsonaro tem vindo a opor-se ao voto eletrónico e quando Donald Trump perdeu as eleições nos EUA o presidente brasileiro referiu que as eleições americanas tinham sido fraudulentas também pela forma como a população tinha votado. Agora, com as eleições no Brasil em mente, Bolsonaro também se refere ao método de votação eletrónico como fraudulento.

Em novembro de 2020, o politólogo Christian Lynch, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, antecipava ao “El País” que a reação do bolsonarismo à derrota de Trump indicava que a tendência para a estratégia de desacreditar o processo eleitoral poderia ser reproduzida na próxima eleição presidencial brasileira, em 2022.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.