Já se fizeram dois anos desde que assumiu as funções de CEO global na LLYC. Como tem sido a experiência?
Muito difícil, muito complicado [risos]
Está a ser uma grande responsabilidade, logicamente, mas também está a ser muito interessante. Ainda assim, independentemente de eu ter estas funções, temos uma Comissão Executiva que atua como órgão decisor. Na LLYC acreditamos muito no consenso e em concordarmos sobre quais os passos a tomar.
O meu papel como CEO é que todos estejam de acordo. Parece fácil, mas é muito complicado. Isto foi algo que aprendemos que o José António Llorente, o nosso fundador, que procurava consenso e trabalho de equipa. Pode levar um bocado de tempo a chegarem todos a acordo, mas depois é mais eficiente e todos vão defendê-la e colocá-la em marcha.
Mas após dois anos, o grande desafio está a ser mudar o perfil da nossa organização. Éramos uma empresa hispânica, portuguesa e brasileira e agora somos uma companhia do mundo, isto depois da aquisição da Lambert nos Estados Unidos. Temos uma divisão de negócio de 33% nos Estados Unidos, 33% na Europa e 33% na América Latina.
Outro desafio que temos enquanto organização, e eu como CEO, é fazer com que estas 3 engrenagens funcionem, isto de um ponto de vista geográfico. O terceiro desafio é que agora somos uma empresa de temas corporativos e de soluções de marketing, ou seja, temos linhas de negócio muito evidenciadas, mas que têm de se integrar.
Basicamente, e como já foi falado com a Marlene, são uma full communication store.
Ser uma full communication store é como ser a montra de uma loja. Acredito que o nosso possa ser mais interessante, porque vamos atrás de entender o desafio do cliente. Já não é importante ser tudo isso porque já é algo que temos de ter, é algo obrigatório no mercado.
É importante entender o desafio do cliente para integrar a oferta adequada.
No início a LLYC não passava de uma empresa de Relações Públicas. Hoje somos uma empresa corporativa de soluções de marketing. O cliente não quer saber como se faz, o cliente quer soluções para as diversas plataformas atuais. E estas soluções têm de ser rápidas, porque o mundo de hoje está focado na performance.
Os últimos dois anos têm sido de transformação brutal, a nível de oferta e também das necessidades dos clientes.
A entrada da IA no mundo dos negócios tem ajudado ou prejudicado a LLYC?
Ajudou e mudou o negócio. No nosso caso específico, temos 80 engenheiros na empresa, o que antes era impensável.
No ano passado investimos 1,2 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento de Inovação. Este ano queremos investir três milhões em inovação.
A análise de dados não seria possível de acontecer sem a IA, porque não iriamos conseguir processar milhares de mensagens que recebemos e filtrar por territórios, comunidades e temas. Temos conversas longas com marcas e com nós próprios e o nosso trabalho é muito operativo, e a IA veio ajudar a acelerar esses processos para conseguirmos equipas mais sofisticadas e exigentes a trabalhar com valor acrescido. Somos mais eficazes e produtivos também e, portanto, a IA é a chave para o futuro da LLYC.
Já foi CEO das Américas e agora global. Quais as principais diferenças?
Na América Latina, um argentino, um peruano e um mexicano são consumidores totalmente distintos. O mesmo acontece na Península Ibérica e mesmo em Portugal. O consumidor de Lisboa é o mesmo do Porto? Não.
Digo-te que aqui não é a questão das Américas, Europa ou Estados Unidos. Os próprios locais são mais exigentes, e este é um negócio que exige flexibilidade, adaptação, mudança permanente.
A LLYC é agora uma companhia que comunica em inglês. Isso era impensável há dois anos, mas temos uma operação muito forte nos Estados Unidos e precisamos de nos adaptar ao mundo anglo-saxónico, que domina os negócios.
Como é que uma multinacional consegue manter a sua identidade numa altura de internacionalização?
Sendo uma cultura de alta performance, no sentido de termos uma forma de trabalhar muito definida e que se baseia em processos, metodologias e pessoas.
Acredito que temos boas pessoas. Quando nos sentamos à mesa com pessoas boas e inteligentes, somos melhores. Eu, por exemplo, sou melhor quando tenho alguém ao meu lado e aprendo com ela.
O vosso fundador deixou um vazio na empresa…
Sim, é verdade. Mas também é verdade que não substituímos o José António com outro José António, mas sim com 26 partners. Vamos repartindo o vazio que foi deixado.
Além do vazio, José António deixou-nos muitos ensinamentos e um grande legado de proteger, cuidar e continuar a crescer. Ou seja, o principal legado do José António era crescer para que as carreiras profissionais dos nossos colaboradores continuem o seu caminho e apostem nos seus sonhos.
Que ambições têm para crescer em Portugal no próximo ano?
Queremos continuar com a estratégia de nos consolidarmos como a organização número um deste sector em Portugal. Aqui seguimos a mesma estratégia que no resto das operações, apostando num misto de crescimento orgânico, que é o mais importante, e o inorgânico.
Mas também estamos atentos e vamos observando o mercado a qualquer oportunidade que nos permita crescer, adicionar oferta, ter uma caixa saudável e dívida baixa. Estamos interessados no mercado português, sem qualquer dúvida.
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