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Sérgio Moro diz que aceitou ir para o governo para consolidar combate à corrupção

O ministro da Justiça brasileiro falou esta quarta-feira sobre supostas mensagens divulgadas pelo “The Intercept”.
  • Cristina Bernardo
19 Junho 2019, 19h31

O ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil disse esta quarta-feira que aceitou o convite para ocupar um posto no governo federal em novembro de 2018, com o propósito de consolidar o trabalho que vinha sendo realizado pela força-tarefa da Lava Jato, que apura casos de corrupção.

“Nós trabalhamos por cinco anos nestas operações anticorrupção”, disse Sérgio Moro, na audiência da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, referindo-se ao trabalho de magistrados e de procuradores da República.

“[Durante este tempo] fui atacado quotidianamente por aqueles que não queriam mudanças no padrão de combate à impunidade da grande corrupção. Sempre restou uma sombra de um [eventual] retrocesso. De que, com uma mudança, uma virada de mesa, tudo aquilo que tivesse sido feito seria perdido”, referiu.

Sérgio Moro explicou que viu no convite para ser ministro da Justiça e Segurança Pública como “uma oportunidade para consolidar estes avanços anticorrupção e avançar no combate ao crime organizado e à criminalidade violenta. Foi por isto que aceitei ser ministro e é isto que estou fazendo”.

“As minhas decisões eram submetidas a instâncias recursais. Acho que nunca um juiz teve tantos recursos propostos contra suas decisões, porque os casos eram difíceis. Eram recursos de pessoas poderosas apresentados ao tribunal, ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal. E quem foi condenado, o foi com base nas provas de que cometeu corrupção, grande corrupção. O que houve foi uma captura da Petrobras para atender a interesses especiais de agentes públicos e privados inescrupulosos”, acrescentou o ministro, reafirmando jamais ter atuado com base em convicções ideológicas.

Para consubstanciar sua afirmação, o governante brasileiro lembrou que em 45 das 90 denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) já foram proferidas sentenças. Destas, o MPF recorreu em 44. “Aqui há um indicativo claro de que não há conluio, mas sim divergências”, completou Sérgio Moro, acrescentando que 291 pessoas foram acusadas e 211 condenadas, contra 63 absolvições.

As reportagens do “The Intercept Brasil” noticiam que Sérgio Moro infringiu o código da magistratura ao colaborar com o MPF ao, supostamente, trocar informações sensíveis com os procuradores da República.

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