Crítico da geringonça, Sérgio Sousa Pinto tem sido uma das vozes mais independentes no grupo parlamentar do PS. Muitos dos seus textos foram agora integrados no livro “A República à Deriva”, editado pela Gradiva, no qual mostra não ser “propriamente um dos mais espantosos representantes do otimismo português”.
Em entrevista ao “Jornal Económico”, o deputado socialista Miguel Costa Matos disse que seria preciso explicar quais foram os atentados do PCP à democracia desde o 25 de abril. O discurso de Mário Soares na Fonte Luminosa e o debate televisivo com Álvaro Cunhal deviam ser mais estudados no PS?
Isso é como dizer que a aritmética simples devia ser mais estudada ou a tabuada mais empinada. A História é a História e há aqueles que a conhecem, aqueles que não a conhecem e os aldrabões que lhe dão a volta e a viram do avesso. O Miguel é um rapaz bem intencionado, pelo que não é esse o caso. Seguramente que tem consciência de que a democracia em Portugal, aquela que lhe permite estar hoje sentado na Assembleia da República, investido num mandato que lhe foi conferido pelo povo, só foi possível porque houve o 25 de novembro e o PCP deixou de ter condições políticas e militares para sabotar a realização das primeiras eleições para a Assembleia da República, como já tinha tentado sabotar as para a Constituinte. Isso é um facto histórico. Mas a seguir ao 25 de novembro o PCP participou lealmente no jogo democrático.
Diria que os eleitores do PS estão mais ao centro do que os militantes e os militantes mais ao centro do que os dirigentes?
Não. Este esquerdismo todo dos últimos anos é apenas instrumental. Serve para justificar a única opção política que estava disponível. Era o frentismo de esquerda e por isso o temos. O entendimento que foi construído serviu uma solução e mais nada. Tudo o resto é fanfarronada e fogo de artifício.
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