O aguardado regresso de “Friends” às plataformas chinesas de streaming acabou em polémica, depois dos fãs perceberem que uma história LGBTQ foi cortada da série, sendo que as reclamações também foram censuradas.
As principais plataformas da China começaram a exibir a série, mas a história de uma personagem gay ficou de fora do segundo episódio da primeira temporada.
Os fãs inundaram as redes sociais com reclamações pela remoção, com a hashtag “Friends censurado” na plataforma Weibo (uma rede social na China semelhante ao Twitter).
A alteração que reuniu mais críticas foi a eliminação completa da história de Carol, a ex-mulher de Ross, de forma a esconder a sua homossexualidade. O “The New York Times” afirma que se criara assim um novo episódio: “The One Where Ross’s Ex-Wife Isn’t Gay” (“Aquele onde a ex-mulher de Ross não é gay”).
Apesar da censura no mundo cinematográfico, e não só, na China já ser habitual, os fãs não deixaram de mostrar desagrado. “[As plataformas de streaming] gastaram muito dinheiro para comprar a licença [da série], mas os esforços que empenharam em alterar falas e cortar cenas acabaram por ser fortemente criticados pelo público. Para quê a compra então?”, queixou-se um utilizador na rede social chinesa Weibo, citado pelo “South China Morning Post”.
Além de haver partes cortadas, também ocorre que as legendas não coincidem com as falas originais. A frase de Ross “as mulheres podem ter vários orgasmos” foi substituída por “as mulheres têm fofoquices que nunca mais acabam”, por exemplo.
Entre 2012 e 2018, dois serviços de streaming chineses obtiveram licenças para passar a série, sendo que nesta altura ainda não havia sido censurada. É por isso que a versão original de “Friends” é conhecida na China, a par das cópias pirateadas que correm na Internet.
Ainda no ano passado, o episódio especial que reuniu os seis atores principais da série, Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer, foi sujeito a alterações ao entrar para as plataformas chinesas. Nesta versão de “Friends: The Reunion”, tanto Lady Gaga como Justin Bieber saíram cena por não serem bem vistos pelo Governo chinês: a primeira por ter tido um encontro com Dalai Lama e o segundo por ter feito uma visita a um santuário no Japão que faz referência a nomes que a China associa a crimes de guerra no país.
Desde que, em 2017, foi aprovada a “Lei de Promoção da Indústria Cinematográfica”, a China tem vindo a apertar as medidas de censura. De fora fica tudo o que comprometa a soberania e a ordem pública do país, assim como o que cause disrupções na estabilidade social, propague a superstição ou difame as tradições culturais, como enumera o “The New York Times”.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com