O número de investidores estrangeiros no mercado imobiliário português tem sido reduzido, sendo que estes representam apenas 25% das transações, de acordo com dados das imobiliárias consultadas pelo JE. Estimam estas empresas que, com a pandemia, o segmento internacional mantém-se menos relevante do que o nacional, mas apesar de tudo existem perspetivas de crescimento.
“Em regra geral, no mercado português a maioria das transações são feitas por portugueses, sempre foi, historicamente, e sempre será , o mercado internacional tinha um peso de 25%”, apontou o diretor-geral da Comprar Casa, Luís Mário Nunes ao Jornal Económico (JE).
“Quem compra mais é o consumidor português, com esta situação da pandemia estamos a ver que até aquele produto imobiliário que até há 3 ou 4 meses pensávamos que era um produto imobiliário para o mercado internacional, hoje está a ser procurado pelo mercado nacional”, explicou Luís Mário Nunes a referir-se às moradias.
Na ERA Portugal o panorama foi diferente, “desde o início da pandemia que continuamos a registar um elevado interesse por parte de clientes internacionais e principalmente de investidores estrangeiros”, garantiu Rui Torgal, diretor-geral da ERA Portugal em entrevista ao JE.
Rui Torgal aponta que os compradores do segmento internacional “procuram novas oportunidades e continuam a considerar o mercado imobiliário português bastante atrativo”, algo que “tem permitido também atenuar algumas quebras no setor”.
Na Remax Portugal, o crescimento do segmento internacional também se sentiu nos meses do desconfinamento, maio e junho. “Das mais de 25 mil transações imobiliárias registadas no primeiro semestre de 2020, os clientes portugueses representaram cerca de 82% das transações, não obstante um acréscimo de quase 3% da sua importância em maio e junho face aos primeiros dois meses do ano”, contou ao JE a CEO da Remax Portugal, Beatriz Rubio.
“Comparativamente a igual período de 2019 e no que se refere ao top 3 das principais nacionalidades estrangeiras destaca-se um certo recuo das nacionalidades brasileiras e francesa e um leve crescimento da importância dos clientes chineses”, referiu Beatriz Rubio.
Nos meses de maio e junho, a Remax Portugal registou uma redução de 0,68% nas transações de investidores Brasileiros que em 2020 representaram 5,57%, mas em 2019 tinham um peso de 6,25. A redução alastrou-se aos compradores franceses que ocupavam os 1,94% das transações em 2019 e passaram 1,34% em 2020, um decréscimo de 0,6%. Já o mercado chinês cresceu 0,32%, em 2019 situava-se em 0,93% das transações, já em 2020 representava 1,22%.
Para Beatriz Rubio o decréscimo registado justifica-se pela “restrição às viagens internacionais e consequente redução do investimento estrangeiro levou a que o cidadão nacional ganhasse algum peso relativo face aos clientes de nacionalidades estrangeiras”.
Na Century 21, “entre Janeiro e Junho de 2020, o peso das transações do segmento nacional na operação da Century 21 Portugal subiu 5% face a 2019 e atingiu os 86%, enquanto as transações do segmento internacional representaram apenas 14% do volume de transações efetuadas nesta rede imobiliária”, indicam os resultados do primeiro semestre da mediadora imobiliária.
No documento é ainda destacado que “claramente, este foi o segmento de mercado que sofreu o maior impacto negativo em contexto de pandemia. Ao longo do primeiro semestre deste ano, na rede Century 21 Portugal foram efetuadas 709 transações de clientes internacionais, o que revela uma quebra de 33%”
Ricardo Sousa, CEO da Century 21, não acredita que Setor imobiliário: segmento internacional em crescimento, apesar da pandemia redução veio para ficar e garantiu ao JE ser “consequência conjuntural e consequência das limitações da mobilidade internacional que existe neste momento”.
Apesar das limitações, Ricardo Sousa assegura que a decisão do Reino Unido de incluir Portugal na lista de países seguros não afetou o segmento internacional. “Nos clientes do Reino Unido não sentimos diferença na compra ou venda, os processos de compra mantiveram-se”, explica o CEO da Century 21.
“Temos infraestruturas modernas de saúde, de vias de transporte que faz com que estes clientes sintam muita atratividade para o nosso país”, enaltece Ricardo Sousa que sublinha também que o clima e a cultura portuguesa também são aspetos atrativos para investidores estrangeiros.
“O sucesso do segmento internacional depende da capacidade de promover esta imagem”, recorda Ricardo Sousa.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com