Sindicato da Aviação Civil denuncia “gestão ruinosa” na SATA que “obriga a privatização”

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) difundiu hoje uma “carta aberta” em que critica duramente a Administração da SATA e o Governo Regional dos Açores. Ao ponto de questionar, no final da missiva: “Será que o Governo Regional continuará a permitir que esta Administração prefira defraudar os cofres da SATA Internacional, escondendo os erros de gestão, prejudicando os interesses da região, dos açorianos e da própria SATA?”

“Ontem, dia 26 de março, o SNPVAC reuniu nas suas instalações com um grupo de pilotos, no sentido de avaliar o processo de privatização e as consequências da má gestão a que a empresa SATA tem sido sujeita por parte da Administração, com os prejuízos já sobejamente conhecidos, aproveitando ainda para debater as consequências da atual falta de pilotos”, começa por informar a “carta aberta”.

“Relembramos que este desgoverno não é novo, a perda de milhões de euros assacados aos contribuintes perdem-se no tempo e na conta, o aluguer de aviões a outras companhias aéreas para fazerem os voos de Oakland, Montreal, Providence, Boston e Toronto chegaram a atingir o número assombroso de mais de duzentos voos por ano. Mas pior, na sequência da renovação da Frota com a troca dos A310 pelos A321, questão já prevista há mais de um ano, a atual Administração ao arrepio das reiteradas chamadas de atenção feitas pelas suas áreas operacionais, foi relegando para segundas calendas o planeamento e as dotações que são os dados fundamentais na antecipação para a admissão e formação de novos pilotos e novos comandantes para uma nova frota”, sublinha o SNPVAC.

Mais, “a presente falta de Pilotos na SATA Internacional/Azores Airlines, resultante do mau planeamento feito pelo Conselho de Administração, que até poderá ser intencional, continuará a permitir que se aumente a dívida da empresa. Assim, os novos A321 já chegaram e com eles o problema de não terem sido feitas as admissões em tempo útil com o resultado final de, neste momento, não termos pilotos para os voar”.

Após elencar uma série de motivos, a “carta aberta” salienta que “os trabalhadores estão cansados de uma Administração que pratica uma gestão de navegação à vista, com alterações quinzenais de Planos Estratégicos e operacionais, nenhum deles cumprido, mas à qual o Governo Regional tem dado cobertura e optado por não substituir”.

E conclui: “Por todos estes motivos, não podemos ser coniventes nem cúmplices com o declínio continuado da empresa por parte desta Administração, que, em vez de otimizar as operações de modo a conseguir realizar toda a oferta de trabalho que tem, criando mais receita, não só recusa mais trabalho, como dá uma parte significativa dessa receita a outra companhia aérea. Isto tudo acontece numa empresa em grande dificuldade financeira, tal como atesta o próprio Tribunal de Contas, pelo que, caso o Governo Regional não o faça, iremos tomar todas as medidas necessárias para proteger a SATA de quem não sabe cuidar dela”.