Sistema de crédito social na China vai ser aplicado a empresas europeias

As empresas estrangeiras que operam na China vão ser apresentadas ao sistema de “crédito social” imposto por Pequim, noticia o Financial Times (FT), esta quarta-feira.

Os reguladores chineses, desde as autoridades fiscais a agentes alfandegários, estão a avaliar cada vez mais as empresas de acordo com o cumprimento dos regulamentos, e a partilhar “listas negras” de empresas que violaram regras. Documentos do governo revelam que os reguladores chineses estão a compilar classificações de empresas segundo 300 regras específicas, informou a Câmara do Comércio da União Europeia na China, num relatório.

Cada empresa passa a estar sujeita a um sistema de “pontuação”, que afetará o regime fiscal, condições de crédito, acesso ao mercado ou participação em concursos públicos. “O sistema de crédito social corporativo pode significar a vida ou morte para empresas individuais”, disse Jörg Wuttke, presidente dessa câmara. “A enorme ausência de preparação pela comunidade empresarial europeia é profundamente preocupante”, sublinhou.

Wuttke afirmou ainda que “não é exagerado dizer que o Sistema de Crédito Social Corporativo vai ser o sistema mais abrangente criado por qualquer governo para impor um mercado autorregulado“. “Também não é inconcebível que se trate de uma questão de vida ou morte para as empresas”, apontou. Wuttke considerou como “profundamente preocupante” a “esmagadora ausência de preparação pela comunidade empresarial europeia”.

Contudo, o presidente sublinha que, em muitos casos, as empresas estrangeiras podem até beneficiar do sistema, pois geralmente têm melhor conformidade em áreas como a proteção do ambiente, ressalvou a Câmara.

Sistema de crédito social localiza devedores chineses

No inicio do ano já tinha sido anunciada uma medida semelhante a ser aplicada aos cidadãos chineses.

A aplicação chama-se “mapa dos devedores”, e foi disponibilizada aos habitantes da província de Hebei. A ‘app’ permite que num raio de 500 metros, um utilizador consiga localizar uma pessoa endividada. Se tudo correr como o desejado, o sistema pode tornar-se uma realidade já em 2020. Além de divulgar essa primeira informação, também disponibiliza uma imagem e o motivo da dívida. Contudo, não é claro se são exibidos marcadores de identidade como o nome ou foto da pessoa, o valor da dívida ou a quem a pessoa está a dever dinheiro.