A “ideia é reunir participantes do projeto numa conversa, que terá de ser virtual, não só por causa da situação da pandemia, mas porque vivemos cada um no seu continente”, disse à agência Lusa a escritora Gabriela Ruivo Trindade, atualmente radicada no Reino Unido.
O alargamento do projeto, possibilitado pelo apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, vai permitir dar a “conhecer melhor” os participantes e o respetivo trabalho em entrevistas, que serão transmitidas nas redes sociais.
Mais de 100 artistas lusófonos, como escritores, fotógrafos ou ilustradores, aceitaram contribuir para os Mapas do Confinamento, uma página de Internet que tem por objetivo servir de memória futura sobre a pandemia covid-19.
Os portugueses Afonso Cruz, Ana Luísa Amaral, Ana Cristina Silva e Rui Zink, os brasileiros Nara Vidal, João Anzanello Carrascoza, Ronaldo Cagiano, Marcela Dantés, os angolanos Ondjaki e Lopito Feijóo, os moçambicanos Hirondina Joshua e Mélio Tinga e o guineense Emílio Tavares Lima são alguns dos contribuidores.
A rede de colaboradores estende-se ao Reino Unido, França e Holanda, onde estão vários dos tradutores, já que o site [https://www.mapasdoconfinamento.com] também terá versões dos textos em inglês e francês.
“Numa altura em que nós estamos tão isolados e tão afastados uns dos outros, e a cultura e as artes estão a passar por tantas dificuldades devido ao confinamento, é um projeto que, através da arte, das fotografias, dos textos, da poesia, procura refletir o que as pessoas sentiram nos seus respetivos países durante este confinamento, quais foram as suas experiências pessoais”, disse o cofundador Nuno Gomes Garcia, que vive em França.
A brasileira Kátia Borges, por exemplo, escreveu um texto sobre a ausência do canto dos pássaros, metáfora para o silêncio que a gravidade das circunstâncias suscita, e Susana Piedade publicou um conto de ficção sobre a violência doméstica, cujo número de casos aumentou durante os confinamentos.
“Quando criamos, estamos imersos num ambiente e esse ambiente interfere com tudo, influencia-nos e afeta-nos e, com certeza, vai transparecer na criação literária”, disse Trindade.
Um poema do luso-americano Richard Zimmler foi o primeiro a ter também versões lidas, em inglês e português, estando previstas mais destes documentos multimédia.
A página foi lançada este mês, coincidindo com o primeiro aniversário da pandemia da covid-19, declarada oficialmente pela Organização Mundial da Saúde em 11 de março de 2020.
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