O fundador e Chief Investment Officer (CIO) da SMEAD Capital Management, William Snead, alerta que “estamos na fase final de um episódio especulativo que tem uma grande probabilidade de acabar mal”. O aviso é dado numa carta endereçada aos investidores da gestora de fundos, a 10 de julho, relativamente ao atual estado dos mercados financeiros. William Snead considera que atualmente os investidores têm “especulado” como se estivessem em 2021, apoiando-se em ações especulativas, lembrando a forte desvalorização a que se assistiu no ano seguinte.
Recorde-se que neste momento o índice bolsista norte-americano S&P 500 regista ganhos desde o início do ano de 8,3%, isto depois de uma queda assinalável, provocada pelo anúncio de tarifas por parte do presidente norte-americano, Donald Trump, que levou a que o índice acumula-se uma perda de sensivelmente 15% entre o início deste ano e 8 de abril. No dia seguinte as tarifas foram suspensas levando à valorização dos mercados financeiros.
“Os nossos investidores de longo prazo estão provavelmente a se questionar porque nós não fizemos nenhum ganho nos últimos 18 meses. Primeiro, nós não temos habilidade em prever que ações populares vão ficar ou se tornar mais populares. Isso inclui ações tecnológicas ou de inteligência artificial, ações de crescimento constante com um moat de qualidade e ações que venham a ser futuras líderes na área tecnológica. O momentum tem sido o melhor fator ao nível do investimento no investimento em fatores [estratégia que seleciona ativos com base em características que gerem retornos superiores ao longo do tempo] há 15 anos. Somos pagos para sermos gananciosos quando os outros têm medo e para termos medo quando os outros são gananciosos. Dizer que temos tido medo seria pouco”, refere William Snead, na carta endereçada ao investidores nos fundos da SMEAD Capital Management.
O CIO da SMEAD Capital Management assinala que a organização tem sido constantemente questionada sobre quando é que esta ‘trend‘ (tendência) vai mudar.
Tentando responder a esta dúvida, William Snead remete para um artigo de Jack Reacher, publicado no Wall Street Journal, com o título “Meme Stocks and YOLO Bets Are Back”, (“As ações meme e as apostas ‘só se vive uma vez’ estão de volta”).
Nesse artigo William Snead recorre a uma citação que procura explicar o atual momento dos mercados financeiros. “Ações de empresas que não são lucrativas têm superado o mercado desde o início de abril, e os investidores estão a especulares como se fosse 2021”.
Perante isto William Snead lembra que a SMEAD Capital Management possui oito critérios para a seleção das ações em que investe, sendo uma delas uma “longa história” de lucratividade. Isto faz com que William Snead volte a recorrer ao artigo de Jack Reacher onde este assinala que desde 8 de abril (na véspera do anúncio da suspensão das tarifas pelos Estados Unidos), até finais de junho, 858 empresas que não são lucrativas, e que se encontram cotadas no Russell 3000, e que não apresentam lucros, têm tido ganhos de 36%, superando empresas lucrativas que se encontram nos seus setores.
Face a isto, o CIO da SMEAD Capital Management considera que o mercado tem adicionado “outra categoria de coisas em que nós não queremos arriscar o nosso capital”.
William Snead lembra para o que aconteceu em 2021, nos mercados, quando “as ações mais loucas entre as loucas terem disparado em 2021”. Em 2022, William Snead assinala que o índice bolsista norte-americano S&P 500 caiu 18,1%, o Nasdaq desceu 32,3%, e o ARKK, um ETF da ARK ligado à inovação, caiu 66,9%.
Refira-se que o S&P 500 é visto como o benchmark para os investidores e/ou gestores de fundos compararem a performance dos seus portfolios.
“Ironicamente tem imensas empresas que estão a ser negligenciadas devido ao interesse em ações populares e/ou especulativas. Também acreditamos que a inflação será um problema persistente enquanto o Governo norte-americano se debater com os 12 biliões de dólares (na denominação europeia) que foram mobilizados para combater a pandemia da Covid-19 entre 2020 a 2023. Ter uma casa é ser o seu próprio senhorio (defesa contra a inflação) e a oferta de casas precisa de aumentar para reduzir os preços de venda. O setor do petróleo e gás parece uma oportunidade única, dos últimos 20 anos, em comparação com o índice S&P 500”, considera William Snead.
Em conclusão, o CIO da SMEAD Capital Management considera que o mercado se encontra “nas fases finais de um episódio especulativo que acreditamos que muito provavelmente vai acabar mal”. Tendo isso em conta William Snead refere que a organização praticamente “não tem exposição” a setores envolvidos nesta “ganância”, e por essa razão, antecipa que os fundos da SMEAD Capital Management terá “um bom desempenho quando os mercados regressarem à sua ordem natural”.
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