O economista Pedro Brinca considera que existem falta de grandes empresas em Portugal e que o país conta com uma economia muito fragmentada que “não premeia a ambição de crescimento e as economias de escala”. As declarações tiveram lugar esta terça-feira na conferência do JE e da EY para debater o Orçamento do Estado para 2025.
“Somos um país de cabeleireiros e esteticistas com baixos salários sem grandes perspetivas de futuro”, começou por dizer. “Temos a oitava maior taxa de emigração do mundo. Acima, só estados falhados como a Palestina ou a Somália ou países que viveram guerras civis como a Arménia ou a Bósnia”.
“Somos o segundo país da europa com maior percentagem da força de trabalho em cabeleireiros e esteticistas. Não temos grandes empresas. Se somarmos os lucros todos das sete, oito ou nove maiores, não chegam a metade da Novo Nordisk”, referindo-se à companhia dinamarquesa que produz um medicamento inovador para a perda de peso.
Olhando para o relatório Draghi, aponta que este foi “claro a criticar a Europa pela fragmentação e escala. E temos 50% a mais de emprego em micro-empresas face à média da UE. O valor acrescentado bruto de um trabalhador de uma micro-empresa é de 21 mil euros. De uma grande empresa são 83 mil, quatro vezes. Só podemos criar salários maiores com grandes empresas, mas é preciso haver um ambiente económico favorável à ambição de crescer”.
“Se tiver o BCP, que teve 200 e tal milhões de lucros, mas olhando para a capitalização bolsista: quanto é que tenho de pagar para ir buscar 200 milhões de lucros? A rentabilidade é muito inferior ao de um quiosque de jornais. E depois tenho um terço da rentabilidade que vai à viola por causa da derrama estadual e do IRC e do progressiva taxa extraordinária sectorial”, disparou.
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