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Sonae admite futuros impactos de tarifas dos EUA, mas garante estar preparada

O CFO João Dolores referiu que a Sonae, “neste momento, não está obviamente a sentir ainda nenhum impacto na atividade” resultante da questão das tarifas, mas salientou que o grupo está hoje, “a todos os níveis, em todas as empresas, muito mais capaz de enfrentar choques dessa natureza”.
20 Março 2025, 14h46

O administrador financeiro da Sonae, João Dolores, admitiu hoje que a eventual imposição de novas taxas alfandegárias pelos EUA tenha impactos em Portugal, mas considerou que o grupo tem atualmente “muito mais agilidade” para responder a “eventos imprevistos”.

“Ninguém sabe muito bem o que é que vai acontecer e qual vai ser o impacto a nível global. Mas, se estas medidas avançarem, haverá certamente impacto à escala global em todos os países e Portugal não será exceção”, afirmou o CFO [do inglês ‘Chief Financial Officer’] da Sonae durante a apresentação das contas de 2024 do grupo, que decorreu esta manhã na Maia, distrito do Porto.

João Dolores referiu que a Sonae, “neste momento, não está obviamente a sentir ainda nenhum impacto na atividade” resultante da questão das tarifas, mas salientou que o grupo está hoje, “a todos os níveis, em todas as empresas, muito mais capaz de enfrentar choques dessa natureza”.

“Temos hoje muito mais agilidade na resposta a esse tipo de eventos imprevistos. E aquilo que faremos é garantir sempre que vamos tentar mitigar ao máximo o impacto de qualquer efeito adverso naquilo que é proposta de valor que oferecemos aos nossos clientes. Foi isso que fizemos nos últimos choques que tivemos – e foram vários – ao longo dos últimos anos e é isso que faremos no futuro”, rematou.

A este propósito, a presidente executiva (CEO) da Sonae, Cláudia Azevedo, salientou, no retalho alimentar, a aposta que o Continente tem feito no apoio à produção nacional, com o Clube de Produtores, que permite ao grupo “mitiga[r] a dependência de fatores externos”.

Relativamente à evolução dos preços, a CEO referiu que, apesar dos elevados níveis de incerteza a nível internacional, “a inflação alimentar está controlada”.

“Foi [de] 1% em 2024, portanto já não temos as inflações que tivemos durante o covid e o pós-covid, e as taxas de juro também estão a baixar. Prevê-se alguma estabilidade, embora haja sempre matérias-primas que variam, umas para cima, outras para baixo”, referiu.

Sobre os resultados financeiros da Sonae em 2024, Cláudia Azevedo disse ter sido “um ano marcante” e “dificilmente replicável”, em que o grupo assinalou 65 anos e registou valores recorde de faturação e de investimento, de 10.000 milhões e 1.589 milhões de euros, respetivamente.

Neste contexto, e embora afirmando que a Sonae está “muito confortável” em termos de dívida, disse que o grupo não prevê atingir o mesmo nível de investimento em 2025.

“Vamos manter um forte investimento nos nossos negócios atuais, que já incluem as aquisições de 2024. Prevejo um investimento na Musti [de cuidados para animais de estimação], prevejo um investimento na Druni [retalhista de beleza], e até um acelerar do investimento na MC, com novas lojas. Mas não estou a prever assim uma aquisição completamente diferente, num setor e numa geografia diferentes. Temos de fazer a gestão destes investimentos, mas claramente que manter a nossa proposta de valor e a nossa liderança implica um forte investimento anual”, disse.

A Sonae obteve um lucro de 223 milhões de euros em 2024, abaixo dos 357 milhões do ano anterior, mas 18% superior se excluída a mais-valia de 168 milhões registada em 2023 com a alienação do Iberian Sports Retail Group.

Num comunicado enviado hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sonae destaca que o resultado líquido atribuível aos acionistas reflete “o crescimento e melhoria de desempenho dos negócios, o aumento dos custos financeiros e dos impostos, o investimento na expansão e internacionalização do portefólio, a aposta na digitalização dos negócios e o esforço contínuo por ganhos de eficiência para oferecer a melhor proposta de valor aos clientes”.

Em 2024, a Sonae registou um volume de negócios consolidado recorde de 9.947 milhões de euros, um aumento homólogo de 18,4% “impulsionado pelo desempenho robusto dos principais negócios, bem como por movimentos estratégicos no portefólio, nomeadamente as aquisições da Musti e da Druni”.

Segundo avançou hoje o administrador financeiro da Sonae, em 2024 a quota de mercado do grupo no retalho alimentar em Portugal situou-se acima dos 27%.

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