A posição consta do relatório e contas da empresa, a que a Lusa teve hoje acesso, referente a 2017 – só aprovado este mês pelo acionista Estado -, numa altura em que a petrolífera tem em curso um processo de alienação de meia centena de participações na banca e em empresas do grupo.
“A participação da Sonangol no Millennium BCP é um investimento estratégico, já que é um suporte relevante para a diversificação do seu investimento, em geografias como África e a Europa, e acentua a natureza e vocação internacional da empresa”, lê-se no relatório e contas da petrolífera estatal angolana.
O documento recorda que, “apesar da desvalorização prolongada em bolsa ao longo dos últimos anos”, o Millennium BCP “tem feito progressos na implementação do seu Plano de Restruturação o que resultou na valorização das ações do banco”.
A 31 de dezembro de 2017, a Sonangol detinha 2.946.353.914 ações do Millennium BCP (19,49% do capital social do banco), avaliadas, segundo o relatório e contas, no regime de “justo valor” ou preço de mercado, em 801,4 milhões de euros.
A 24 de novembro, no último dia da visita de Estado que realizou a Portugal, o Presidente angolano, João Lourenço, deu a entender que não é intenção da petrolífera estatal Sonangol sair da estrutura acionista do banco português Millennium BCP.
O chefe de Estado de Angola respondia, em conferência de imprensa, em Lisboa, a questões colocadas pelos jornalistas sobre a venda de vários ativos da Sonangol, tendo referido – sem mencionar nomes – que recebera, no dia anterior, em reunião privada, os responsáveis de um banco português.
“Mas, já agora, posso dizer que há uma empresa portuguesa que me procurou ontem, muito preocupada, para saber se a Sonangol ia sair ou não. Em princípio, nós sossegamos essa empresa, para dormir descansada”, disse João Lourenço.
“Estou a referir-me a um banco”, acrescentou o chefe de Estado, sendo que em Portugal a Sonangol tem apenas participações diretas e indiretas no Millennium BCP e na Galp.
A petrolífera estatal angolana está em processo de reestruturação e prevê alienar as participações que detém em 52 empresas e em dois conjuntos de ativos, até agora não identificados, processo que decorrerá até dezembro 2019.
Questionado sobre a saída da Sonangol de empresas portuguesas, no âmbito deste processo, João Lourenço enfatizou que existe apenas uma “orientação geral”, no quadro do processo de privatizações, sem ter Portugal especificamente como objetivo nesse processo.
João Lourenço acrescentou, na ocasião, que o processo envolveu uma análise “caso a caso” das empresas das quais a Sonangol se deve retirar, tendo sido concluído que a petrolífera vai alienar as participações em cerca de metade (52 das cerca de 100 em que está presente).
“Mas nunca nos referimos expressamente a negócios aqui em Portugal”, disse.
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