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Standard & Poor’s sobe rating de Portugal para ‘BBB’

Agência norte-americana subiu a notação financeira da dívida soberana portuguesa de ‘BBB-‘ para ‘BBB’. Outlook foi atualizado de ‘positivo’ para estável’.
15 Março 2019, 21h31

A Standard & Poor’s (S&P) subiu esta sexta-feira a notação da dívida portuguesa para o segundo grau de investimento (BBB), e a perspetiva passou de ‘positiva’ para ‘estável’. A agência de notação financeira norte-americana sublinha que Portugal deverá continuar a registar excedentes orçamentais nos próximos três anos e manter uma trajetória de redução do rácio da dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB).

“A perspectiva estável equilibra as expectativas de que, ao longo de 2019-2022, a dívida em relação ao PIB continuará a diminuir à medida que a expansão da economia contra os riscos associados a altos níveis de dívida externa privada, ainda que em declínio e a um ambiente externo mais incerto”, refere a agência no relatório.

No relatório a S&P prevê que a economia registe um “crescimento equilibrado entre 1,5% e 1,7% entre 2019-2021”. Para este ano, estima uma expansão da economia de 1,7% e que o crescimento dos salários reais e a melhoria das condições de crédito apoie o consumo nos próximos dois anos, apesar de “uma criação mais lenta de empregos” e de uma menor procura externa.

“Nos próximos três anos, projetamos que Portugal continue com excedentes orçamentais, excluindo o pagamento com juros, mantendo o rácio da dívida pública face ao PIB num caminho firme de redução”, justifica.

A S&P assinala que um upgrade da avaliação de Portugal estaria dependente  da economia “gerar excedentes maiores nas suas contas externas correntes e de capital, enquanto regista um crescimento acima dos principais parceiros comerciais”.

Na última avaliação, em setembro, a S&P tinha mantido a notação da dívida soberana portuguesa, mas subiu o ‘outlook’ de ‘estável’ para ‘positivo’, deixando uma mensagem clara: não descartava um upgrade se o ritmo de redução da dívida pública e privada avançasse ao nível das melhorias na estabilidade financeira, com uma desalavancagem de três a cinco pontos percentuais do PIB ao ano.

Pressões para aumentar a despesa podem ressurgir com eleições 

No relatório a S&P alerta ainda que “antes das próximas eleições legislativas, as pressões de despesa podem ressurgir, particularmente nos salários públicos”. Apesar disso, diz estar “bastante confiante” de que o Governo irá reduzir o défice ainda este ano para entre 0,2% a 0,3% do PIB, com um “controlo das despesas dos ministérios e revisões das despesa.

A agência de notação norte-americana diz ainda que “a consolidação orçamental tem sido outra política económica prioritária”, estimando um défice entre 0,5% a 0,6% do PIB no ano passado, em linha com as metas do Governo.

A S&P refere ainda que a injeção de capital no Novo Banco nas contas públicas para este ano poderá ter um impacto de quatro décimas no défice.

Capacidade da banca de gerar lucros ainda “sob pressão significativa”

Relativamente às fragilidades de Portugal, o relatório volta a apontar que a banca nacional “ainda enfrenta dificuldades em relação à rentabilidade e eficiência num ambiente de fraca procura de crédito”.

“Embora a dependência dos bancos portugueses do financiamento do Banco Central Europeu tenha diminuído para cerca de 6% do seu passivo, pode ser difícil encontrar outras fontes de custos mais baixos para o substituir”, explica. Sublinha ainda que a capacidade de geração de lucros dos bancos também permanece sob pressão significativa, dadas as taxas de juros muito baixas e os elevados níveis de malparado.

“A recente propensão dos bancos a pagar dividendos em vez de utilizar os lucros retidos para aumentar as provisões de perdas com empréstimos sugere incentivos mistos para que reconstruam a sua força financeira”, acrescenta.

DBRS é a próxima agência a pronunciar-se sobre Portugal 

A agência de notação financeira tinha surpreendido em setembro de 2017, ao retirar ao fim de cinco anos Portugal do patamar do ‘lixo’, tornando-se a primeira das três agências que tinham colocado a dívida soberana portuguesa nesta categoria a fazê-lo.

A próxima avaliação à notação portuguesa será a 5 de abril pela DBRS, seguida pela Fitch a 24 de maio. Já a Moody’s, que optou por não se pronunciar em fevereiro, deverá avaliar o rating de Portugal a 9 de agosto. A Moody’s coloca a notação da dívida soberana portuguesa em Baa3, com perspetiva estável, ou seja, o primeiro grau de investimento. Já a Fitch e a DBRS avaliam o ‘rating’ da dívida pública portuguesa em ‘BBB’.

(Atualizada às 22h27)

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