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Stephan de Moraes: “É fundamental avançar com a União dos Mercados de Capitais e criar incentivos às fusões e aquisições”

Em entrevista ao Jornal Económico, Stephan de Moraes, Co-Fundador e ‘managing general partner’ da Indico Capital Partners e também atual presidente da Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI), defendeu que o papel do private equity e do venture capital é absolutamente fundamental e apela à criação de um Fundo de Fundos gerido pelo Banco de Fomento.
3 Dezembro 2025, 07h00

A portuguesa Indico Capital Partners tem um novo fundo, o Indico VC Fund III, com um capital objetivo de 125 milhões de euros. Deste montante, 30 milhões de euros têm origem no Fundo Europeu de Investimento, o braço do grupo Banco Europeu de Investimento (BEI).

A Indico revelou o mercado que pretende concentrar a estratégia de investimento, principalmente em empresas tecnológicas inovadoras criadas em Portugal, Espanha e Itália. Mas também irá procurar ativamente oportunidades junto da grande diáspora destes países localizada nos EUA, Reino Unido, entre outros países.

Em entrevista ao Jornal Económico, Stephan de Moraes – Co-Fundador e managing general partner da Indico Capital Partners e também atual presidente da Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI) – revelou que o novo fundo “está a aceitar até ao fim do ano um máximo de 12,5 milhões de euros de investidores SIFIDE, apenas 10% do fundo”.

Considera que o papel do private equity e do venture capital é absolutamente fundamental e defende a criação de um Fundo de Fundos gerido pelo Banco de Fomento.

A Indico Capital Partners é uma gestora independente líder de fundos de capital de risco com sede em Portugal, que investe em empresas tecnológicas globais e sustentáveis relacionadas com o sul da Europa. Os fundos da Indico investem em deep tech, software as a service, marketplaces, inteligência artificial (IA), internet das coisas, fintech, cibersegurança, web3 e empresas relacionadas com os oceanos. O leque de investimentos da Indico abrange investimentos, maioritariamente, desde a pre-seed à Série B+ (desde os 500 mil e os 10 milhões de euros) em startups portuguesas, espanholas, italianas e na diáspora destes países.

 

A Indico Capital Partners anunciou o lançamento de um novo fundo, o Indico VC Fund III, com um capital objetivo de 125 milhões de euros, tendo já garantido um importante aporte inicial de 30 milhões de euros do Fundo Europeu de Investimento (FEI). Os 30 milhões do FEI estão incluídos nesses 125 milhões? Está optimista que vai conseguir atingir os 125 milhões de capital captado o junto de investidores? Tem algum calendário para essa captação? Quem são os investidores típicos dos fundos da Indico?

Sim, os 30 milhões de euros estão incluídos nos 125 milhões e contamos, num prazo de cerca de dois anos e meio, alcançar esse montante com o apoio da nossa base atual de investidores, bem como de novas instituições públicas e privadas nos três países-alvo do fundo. Até ao fim do ano aceitaremos também investidores SIFIDE até um limite de 12,5 milhões de euros, sendo que é o último ano de captação de SIFIDE indireto.

 

É fácil captar capital em Portugal?

Não, não é fácil captar investimento em Portugal, porque esta classe de ativos ainda é pouco conhecida. As instituições e famílias tendem a investir em ativos mais tradicionais, como imobiliário, obrigações ou certificados de aforro, instrumentos de menor risco e, por isso, também de menor rentabilidade. Noutros países existe uma sofisticação financeira muito maior e a classe de ativos de venture capital é uma escolha comum, quer por parte dos investidores institucionais, quer por parte das próprias famílias. Para dar uma ideia, os grandes endowments de Yale e Harvard têm mais de 20% dos seus fundos alocados em venture capital.

Em Portugal, portanto, não é fácil, exceto quando existe algum benefício fiscal associado. O que está a mudar neste momento – e essa é a expectativa da Indico – é que, com o lançamento do Fundo de Fundos do BPF e com a vontade já expressa pelos institucionais portugueses de investirem mais nesta classe de ativos, que este processo se venha a tornar mais fácil, mais normal como em outros países.

Foi anunciado que o Indico VC Fund III  terá como alvo empresas em fase inicial que desenvolvem soluções corporativas de SaaS, IA e tecnologia de ponta, bem como aquelas que operam em tecnologia espacial e oceânica. Porquê este novo fundo? Já tem investimentos em vista?

Lançámos este novo fundo porque a Indico tem uma capacidade de atração de novas oportunidades de investimento muito elevada. Recebemos dezenas de propostas todas as semanas, sobretudo de Portugal, mas também, cada vez mais, de Espanha e de Itália. Além disso, temos relações muito fortes com outros fundos nestes três países, pelo que não nos faltam oportunidades de investimento. O fundamental é sermos muito criteriosos: investimos apenas em cerca de 1% das empresas que analisamos e que nos apresentam os seus planos de negócio e as suas ideias.

“O mais importante é que esta nova vaga de IA tem potencial para transformar a competitividade das empresas e do próprio Estado português, e espero que consigamos aproveitar este movimento para dar um salto significativo em termos de economia portuguesa”

 

Concorda com o ministro do Estado e da Reforma do Estado, Gonçalo Matias, quando diz que Portugal tem condições para liderar em inteligência artificial (IA)?

Creio que Portugal tem, de facto, condições participar ativamente em algumas áreas específicas da inteligência artificial, nomeadamente no que diz respeito ao armazenamento de dados. Os investimentos anunciados na Web Summit em grandes plataformas de data centers podem colocar Portugal numa posição de liderança nessa fase e nessa parte da equação.

Já no que toca aos grandes modelos de IA, os large language models, a liderança é hoje claramente dos Estados Unidos. Ainda assim, Portugal, como qualquer outro país, tem a oportunidade de lançar empresas focadas em aplicações de inteligência artificial e só o futuro dirá se algumas poderão vir a assumir uma posição de liderança global.

Para mim, o mais importante é que esta nova vaga de IA tem potencial para transformar a competitividade das empresas e do próprio Estado português, e espero que consigamos aproveitar este movimento para dar um salto significativo em termos de economia portuguesa.

As bolhas são passageiras e resultam de expectativas excessivamente elevadas que por vezes se criam; o impacto estrutural, esse, é inegável e vai ser gigantesco, à escala mundial.

 

Teme que venha mesmo a existir uma bolha da inteligência artificial como houve com as dot.com no início do século?

É natural que, quando surge uma nova tecnologia, haja uma grande concentração de capital em muitos projetos e que uma parte significativa deles acabe por falhar. Também é expectável que algumas das expectativas de curto prazo em relação à IA não se venham a concretizar.

Mas não podemos esquecer que, na altura da bolha das dot.com, muitas empresas falharam e, ainda assim, a internet veio para ficar e revolucionou o mundo. Com a inteligência artificial acontecerá algo semelhante, mas em escala ainda maior e de forma muito mais rápida.

As bolhas são passageiras e resultam de expectativas excessivamente elevadas que por vezes se criam; o impacto estrutural, esse, é inegável e vai ser gigantesco, à escala mundial.

 

A Indico Capital Partners gere atualmente mais de 240 milhões de euros em ativos sob gestão (AuM) distribuídos por cinco fundos e apoiou 53 empresas. Quais são os cinco fundos e em que fase estão?

Os cinco fundos são o Indico VC I, que começou a investir em 2019, com 54 milhões de euros, e o Indico Acceleration I, lançado em 2020 com 12 milhões de euros de capital. Estes dois fundos já estão em fase de desinvestimento.

Depois temos três fundos mais recentes, ainda em fase de investimento, são eles: o Opportunity Fund, de 25 milhões de euros, que investe nas melhores empresas do VC I; o Blue Fund, de 50 milhões de euros, que ainda está a fazer novos investimentos e deverá concluir os últimos no próximo ano; e o VC II, com 102 milhões de euros, lançado há pouco mais de um ano, também ainda numa fase inicial de investimento, embora já com a vasta maioria do seu portefólio constituída.

 

Qual é a rentabilidade média dos cinco fundos geridos pela Indico?

É importante esclarecer que não há rentabilidades médias entre fundos, ou seja, não se pode comparar fundos que já têm cinco, seis ou 10 anos com fundos que acabaram de ser lançados porque o modelo de negócio do venture capital é investir em empresas que estão a arrancar.

Naturalmente, nos primeiros anos há um grande investimento e há empresas que falham imediatamente, há custos de operação e depois só nos últimos quatro ou cinco anos é que se começa a ver as melhores empresas a despontar. As que já caíram, já caíram, e as que estão a resultar estão a começar a dar frutos e são depois vendidas e é por isso que não faz sentido falar em médias e muito menos comparar fundos e fazer médias de fundos com vintages muito diferentes, não é assim que funciona a indústria. É algo muito diferente comparar fundos de equities ou fundos de obrigações ou mesmo fundos de imobiliário.

Em todo o caso no fim do primeiro semestre de 2025 VCI apresentava uma rentabilidade anual média acima dos 11% e o Acceleration uma média anual acima dos 48% ao ano, sendo atualmente o 5.º melhor fundo do mundo em termos de performance no vintage de 2020, no segmento de fundos de venture capital early stage, segundo dados do Pitchbook.

Não nos podemos esquecer de que o venture capital é uma classe de ativos que investe em poucas empresas, numa espécie de ‘elite’ de projetos.

 

Como avalia a maturidade do ecossistema de startups português em comparação com outros mercados europeus ou os EUA, onde também tem experiência?

A maturidade do ecossistema português é hoje muito superior ao que era há 10 ou 15 anos. Dito isto, continua a ser incomparável com a massa crítica de outros ecossistemas, como o francês, o alemão, o britânico ou, naturalmente, Silicon Valley. O tipo de conhecimento que aí se gera, a partilha de experiências, a aprendizagem com erros anteriores e a circulação de informação entre fundadores e fundos é muito mais intensa quando existe esse volume.

Nesses mercados também há muito mais capital disponível, o que faz com que a competição seja maior e as avaliações muitas vezes se aproximem de níveis de bolha. No sul da Europa, pelo contrário, temos um equilíbrio mais adequado entre a disponibilidade de capital e o número de oportunidades existentes.

Não nos podemos esquecer de que o venture capital é uma classe de ativos que investe em poucas empresas, numa espécie de “elite” de projetos. Mesmo entre as empresas selecionadas por fundos experientes, muitas vão falhar; são depois algumas poucas – muitas vezes os chamados unicórnios – que acabam por pagar múltiplas vezes todas as outras que falharam e até aquelas em que não se investiu mais que tempo de análise.

Portanto, estamos a falar de um jogo de elite, não de um jogo de médias. Não é preciso haver milhares e milhares de startups para surgir um unicórnio. O que é preciso é encontrar as pessoas certas, com a personalidade, a capacidade intelectual, de trabalho e de sacrifício para criar líderes globais nas suas áreas. E essas pessoas podem aparecer em Coimbra, em Lisboa, em Silicon Valley ou no Bangladesh. Atualmente, não é preciso ter um número infinito de empresas; é preciso encontrar as empresas certas e na Indico praticamente vemos todas as empresas com potencial.

 

É também presidente da Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI). Nessa qualidade tem contacto com o Governo. Sei que pediu três coisas ao Governo. A primeira passa pelo lançamento de um Fundo de Fundos do Banco Português de Fomento (BPF), em articulação com o Fundo Europeu de Investimento (FEI) e investidores institucionais privados. A segunda coisa que pediu é que houvesse garantias públicas parciais aos investidores institucionais privados para que possam colocar, pela primeira vez e em alguma escala, capital em fundos de capital de risco. A terceira coisa é a alteração legal do nome do setor passando de “Capital de Risco” para “Capital de Investimento. Houve recetividade do Governo a alguma(s) delas? Quais?

Sim, houve bastante receptividade por parte do Governo, em linha, aliás, com o que tem acontecido com sucessivos Governos no apoio à inovação e ao investimento em empresas inovadoras com potencial para transformar a economia portuguesa.

A criação de um Fundo de Fundos é fundamental para que exista capital, com menos entraves, a entrar em fundos portugueses que apoiem empresas nacionais. Quanto às garantias públicas parciais aos investidores institucionais privados ou outros mecanismos de incentivo ao investimento em venture capital, esse tema está também a ser tratado ao nível da Comissão Europeia pela comissária Maria Luís Albuquerque, não por nosso pedido específico, mas porque é um imperativo europeu que os institucionais europeus invistam em fundos europeus. Há, de resto, uma grande abertura por parte dos institucionais portugueses para investir mais na classe de ativos de venture capital a futuro.

Por fim, continuamos a defender que a designação “capital de risco” não é a mais adequada, até porque há outros setores com muito mais risco que não carregam essa etiqueta. Acreditamos que a mudança para “capital de investimento” seria positiva. Estamos a trabalhar esse tema com o Governo e, eventualmente, com a CMVM. Pode parecer uma alteração apenas cosmética, mas tem um significado mais profundo do que uma simples mudança de nome.

 

Numa perspetiva de investimento, que alterações seriam fundamentais por parte do Governo para otimizar o capital SIFIDE que ainda está por alocar?

Creio que as alterações que têm sido noticiadas na imprensa em relação ao SIFIDE – nomeadamente o alargamento do prazo para cinco anos, o fim da necessidade de um “selo” prévio da ANI, passando esta a focar-se sobretudo na auditoria das despesas, e ainda o alargamento do âmbito a outros tipos de despesas de inovação produtiva – vão na direção certa. É um tema complexo e importante para financiar a inovação nas empresas.

Estas medidas podem permitir que os fundos com forte componente SIFIDE – o que não é o caso da Indico – consigam aplicar esse capital de forma mais eficiente e obter melhores resultados nos seus investimentos.

A criação de um Fundo de Fundos é absolutamente crucial para o mercado porque, não existindo ainda capital institucional privado em quantidade suficiente na Europa – que seria a verdadeira solução, como acontece nos Estados Unidos –, a falha de mercado tem de ser corrigida com mecanismos que funcionem, tanto quanto possível, em condições de mercado.

 

Qual a importância da criação de um fundo de fundos em condições de mercado pelo BPF?

A criação de um Fundo de Fundos é absolutamente crucial para o mercado porque, não existindo ainda capital institucional privado em quantidade suficiente na Europa – que seria a verdadeira solução, como acontece nos Estados Unidos –, a falha de mercado tem de ser corrigida com mecanismos que funcionem, tanto quanto possível, em condições de mercado.

Um Fundo de Fundos gerido pelo BPF, em condições de mercado, à semelhança do que faz o Fundo Europeu de Investimento, o Fond-ICO em Espanha, o KfW na Alemanha ou o Bpifrance em França, e outras instituições semelhantes noutros países, com o mínimo de entraves possível e o maior alinhamento possível, em processos e condições, com os investidores privados que também entram nos fundos, é essencial para garantir estabilidade ao setor de private equity e venture capital em Portugal.

Este é um setor que, de forma demonstrada, gera exportações, inovação e empregos mais bem remunerados. Por isso, precisa de capital – e de capital sem excessivas restrições – para poder ser bem aplicado e criar valor para a sociedade.

As diretivas são transpostas de forma diferente entre países e, em Portugal, temos alguma tendência para o chamado gold plating, isto é, para acrescentar camadas adicionais de exigência na aplicação da regulação, o que torna os investimentos mais difíceis de executar.

 

Disse recentemente que os investimentos em private equity e venture capital em Portugal já deviam estar a jogar na “primeira liga”, a par do que acontece nos outros países desenvolvidos, mas tal não está a acontecer. Porquê? Como é que se tira Portugal da cauda da UE?

Sim. E como é que se tira Portugal da cauda da União Europeia? Precisamente fazendo aquilo que a APCRI defende: a criação de um Fundo de Fundos e o aumento do peso do capital institucional. Idealmente, 100% do capital dos fundos deveria ser privado e institucional; como isso ainda não acontece, é crucial que os grandes investidores institucionais comecem a investir de forma muito mais significativa nesta classe de ativos. Essas são as duas iniciativas principais.

Depois, ao nível da regulação, o que queremos é simples: que a aplicação das regras na Europa seja uniforme. Neste momento, não é. As diretivas são transpostas de forma diferente entre países e, em Portugal, temos alguma tendência para o chamado gold plating, isto é, para acrescentar camadas adicionais de exigência na aplicação da regulação, o que torna os investimentos mais difíceis de executar.

 

A nível da União Europeia o que é possível fazer? A União da Poupança e Investimento parece-lhe uma prioridade? E a união do mercado de capitais?

Sim. A nível da União Europeia estão a ser tomadas medidas muito acertadas na direção certa. Depois, claro, o detalhe é que vai determinar se a aplicação é bem-sucedida ou não.

O grande problema é que não existe verdadeiramente um mercado único, nomeadamente ao nível financeiro, do investimento e da poupança. Por isso, esta iniciativa é absolutamente crucial e articula-se bem com a preocupação, já identificada em vários relatórios europeus, de que não há capital suficiente para a inovação na Europa.

Uma das formas de responder a esse problema é precisamente levar os investidores institucionais a aplicar mais capital em inovação através de fundos europeus — e, para isso, a união da poupança e do investimento é fundamental.

 

Qual o papel dos fundos de private equity e venture capital na União da Poupança e Investimento?

É também fundamental avançar com a União dos Mercados de Capitais e criar incentivos às operações de fusões e aquisições. Os fundos entram no capital das empresas, mas depois têm de as vender e, hoje, existe não só um problema de falta de capital para que as empresas europeias cresçam e permaneçam na Europa, como também um problema de quem as compra.

Neste momento, quem mais compra são essencialmente fundos e grandes empresas americanas, porque não existem incentivos suficientes e adequados à compra e venda de empresas na Europa, nem um mercado de capitais com a profundidade e o volume dos Estados Unidos. Como consequência, mais cedo ou mais tarde, muitas empresas tornam-se “americanas”: ou porque são fundos americanos a investir, ou porque são empresas americanas a adquirir, ou porque escolhem as bolsas americanas para se cotarem.

Se não houvesse bancos, teríamos um problema sobre como fazer chegar dívida às empresas e às pessoas; se não houvesse fundos, teríamos exatamente o mesmo problema em relação ao capital.

 

Quais as suas expetativas para o futuro da indústria do capital de risco? Acha que 2026 será um ano positivo?

O papel do private equity e do venture capital é absolutamente fundamental. A seleção dos investimentos, seja em private equity, seja em venture capital, deve ser feita por intermediários financeiros especializados, e não diretamente pelo setor público ou por outras vias. Para isso existem bancos, para financiar com dívida, e existem fundos, para investir em capital.

Se não houvesse bancos, teríamos um problema sobre como fazer chegar dívida às empresas e às pessoas; se não houvesse fundos, teríamos exatamente o mesmo problema em relação ao capital. A especialização dos fundos é a melhor garantia de que, em média, são as melhores empresas que recebem investimento, e isso é crucial para criar competitividade à escala europeia.

Não vale a pena tentar reinventar a roda: é assim que funciona nos Estados Unidos, o mercado mais desenvolvido do mundo, onde os fundos têm um papel absolutamente central na criação de valor. Basta olhar para as maiores empresas globais: praticamente todas as big tech foram criadas ou financiadas, na origem, por fundos de venture capital. Não nasceram do Estado, nem de subsidiárias de grandes empresas. São empresas fundadas por empreendedores que tiveram venture capital por trás – Google, SpaceX, Amazon, Meta, OpenAI, entre muitas outras.

 

Com um percurso diversificado de engenharia, consultoria, banca e capital de risco, que momento considera ter sido o ponto de viragem para a sua carreira?

Tive três grandes pontos de viragem. O primeiro foi quando terminei o curso no Instituto Superior Técnico e fui trabalhar para o estrangeiro, o que me permitiu ganhar experiência um pouco por todo o mundo. O segundo foi após concluir o MBA em Harvard, momento em que percebi que queria ser investidor profissional, o que mudou por completo a minha perspetiva de carreira. O terceiro foi quando decidi lançar a Indico Capital Partners com a Cristina Fonseca e o Ricardo Torgal, um projeto que me apaixona e no qual tenho a sorte de trabalhar com a equipa que temos hoje.

 

Em que citação se revê?

“The only place where success comes before work is in the dictionary” – Vidal Sassoon


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