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Subida da extrema-direita em Portugal coincide com aumento do contingente brasileiro, defende especialista

“Surpreendentemente, uma parcela significativa de brasileiros legalizados em Portugal não deseja a presença de mais brasileiros no país”, revela o antropólogo Fabiano de Abreu Agrela a propósito do crescimento na votação do Chega nas últimas eleições legislativas.
12 Março 2024, 14h00

O crescimento da extrema-direita em Portugal, como foi notório no incremento substancial na votação do Chega nas últimas eleições legislativas, pode estar relacionado com o aumento do contingente brasileiro no país, defende Fabiano de Abreu Agrela, antropólogo luso-brasileiro radicado em Portugal, em declarações à agência MF Press Global.

À MF Press Global, este especialista analisou os fatores que contribuem para o crescimento da extrema direita em Portugal, destacando o papel da família Bolsonaro no apoio ao líder do partido de extrema direita português, André Ventura.

No entanto, Fabiano de Abreu Agrela aponta que essa influência não passa “apenas do respaldo vindo do Brasil, mas também da presença e posicionamentos de brasileiros e luso-brasileiros em Portugal.

“Surpreendentemente, uma parcela significativa de brasileiros legalizados em Portugal não deseja a presença de mais brasileiros no país. As razões variam desde preocupações com a concorrência no mercado de trabalho até o receio de que Portugal enfrente problemas semelhantes aos do Brasil”, revela.

Numa análise ao crescimento da votação na extrema-direita, este especialista observa que “os jovens são mais propensos a se afastar dessas ideias conservadoras, influenciados não apenas pelo Brasil, mas também pelos Estados Unidos e países como a França, que exercem impacto direto na cultura portuguesa”.

Fabiano de Abreu Agrela sugere que a relação entre o crescimento da extrema direita em Portugal e o Brasil vai além do apoio político da família Bolsonaro, sendo moldada por uma intricada interação entre fatores económicos, migração, e influências culturais externas.

“É curioso observar o aumento da presença da extrema direita em Portugal coincidir com o aumento do contingente de brasileiros no país, não é verdade? Mesmo diante dos potenciais desafios, relacionados à possibilidade da extrema direita restringir a imigração, aqueles que residem em Portugal têm consciência de que a realidade não é tão simples. Há uma demanda extraordinária por mão de obra no país, e quem já está legalizado não deve enfrentar mudanças nesse status.” finaliza este antropólogo.

O Chega foi o terceiro partido mais votado nas últimas eleições legislativas com um crescimento de 7,15% para 18,06% e de 385.573 votos para 1.108.797 votos. O partido liderado por André Ventura passou de um grupo parlamentar de 12 deputados eleitos em 2022 para 48 parlamentares nas últimas eleições.

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