Taxas de juro muito baixas aumentam a dificuldade de os bancos obterem receitas e de apresentarem aos clientes soluções de investimento com rentabilidades atrativas. Uma das soluções que estão a adotar, sobretudo os que trabalham com gestão de fortunas, é o crédito superprime.

Há pouco mais de uma década, a “bolha” de crédito concedido a devedores com mais risco acabou por despoletar uma das maiores crises de todos os tempos. Apesar de o preço do dinheiro ser atualmente o mais baixo de sempre, é natural que os bancos receiem regressar ao subprime. Pelo contrário, preferem emprestar aos clientes mais ricos e seus familiares – o chamado superprime. Segundo os dados da Tricumen, citados pela Reuters, a receita dos grandes bancos associada ao crédito concedido aos clientes mais ricos tem vindo a crescer 8% ao ano.

Os empréstimos a famílias detentoras de fortunas fazem sentido do ponto de vista dos bancos porque, à partida, serão menos arriscados e terão colateral de melhor qualidade. O crédito é concedido a taxas de juro baixas – a margem bruta pode ser abaixo de 1% – mas é garantido pelos ativos financeiros e depósitos que os clientes já detêm à guarda do banco. Segundo a Reuters, se o colateral envolvido consistir em participações em empresas, imobiliário, obras de arte, vinhos ou embarcações, a margem dos bancos mais do que duplica.

No caso da UBS, o crédito superprime já representa 7% dos ativos que têm sob custódia, com alguns executivos a defender que os bancos podem perfeitamente acomodar montantes até aos 15%.