Face à escalada de tensão e o endurecimento no discurso, os talibãs pediram que as mulheres afegãs permaneçam em casa, admitindo que os soldados aliados à causa não foram treinados para as respeitar.
Durante uma conferência de imprensa, na passada terça-feira, o porta-voz do grupo extremista Zabiullah Mujahid pediu que as mulheres não fossem trabalhar para sua segurança, sabotando os esforços talibãs de convencer as forças militares e a imprensa internacional que de que o grupo será mais tolerante, inclusivo e moderado para com o direito das mulheres do que quando estiveram no poder, em 1996.
A recomendação do líder talibã chegou no mesmo dia em que o Banco Mundial decidiu suspendeu a ajuda monetária enquanto avalia o processo de transição de liderança no país. Para o ano de 2021, a instituição tinha previsto 680 milhões de euros de ajudas mas, para já, estão congeladas uma vez que o banco central diz estar preocupada, especialmente, com o impacto do novo governo sobre as mulheres no Afeganistão.
Mujahid referiu que a orientação para ficar em casa seria temporária e e que durante esse período o grupo procurará encontrar maneiras de garantir que as mulheres não são “tratadas de maneira desrespeitosa” ou “Deus me livre, se magoem”.
O responsável admitiu que a medida era necessária porque os soldados talibãs “estão sempre a mudar e não são treinados”.
“Ficamos felizes por se juntarem à causa, mas queremos ter certeza de que [os talibãs] não enfrentam quaisquer preocupações”, explicou. “Portanto, pedimos que tirassem uma folga do trabalho até que a situação voltasse ao normal e os procedimentos relacionados com as mulheres ficassem definidos, para que possam voltar ao trabalho assim que seja possível”.
Quando estiveram no poder, entre 1996 e 2001, o grupo militante proibiu as mulheres de trabalhar, sair de casa desacompanhadas e obrigou-as a cobrir o corpo com vestes apropriadas — um cenário, insiste o grupo, que não se repetirá nesta nova era. De acordo com o líder dos talibãs, este novo regime promete ser mais moderado e inclusivo, ainda que o grupo se recuse a admitir que os direitos das mulheres establecido nos últimos 20 anos pelo governo afegão se vão manter ou que a violência não continuará a escalar.
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