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Talibãs pedem que mulheres permaneçam em casa para própria segurança

Zabiullah Mujahid pediu que as mulheres não fossem trabalhar para sua segurança, sabotando os esforços talibãs de convencer as forças militares e a imprensa internacional que o grupo será mais tolerante.
25 Agosto 2021, 16h23

Face à escalada de tensão e o endurecimento no discurso, os talibãs pediram que as mulheres afegãs permaneçam em casa, admitindo que os soldados aliados à causa não foram treinados para as respeitar.

Durante uma conferência de imprensa, na passada terça-feira, o porta-voz do grupo extremista Zabiullah Mujahid pediu que as mulheres não fossem trabalhar para sua segurança, sabotando os esforços talibãs de convencer as forças militares e a imprensa internacional que de que o grupo será mais tolerante, inclusivo e moderado para com o direito das mulheres do que quando estiveram no poder, em 1996.

A recomendação do líder talibã chegou no mesmo dia em que o Banco Mundial decidiu suspendeu a ajuda monetária enquanto avalia o processo de transição de liderança no país. Para o ano de 2021, a instituição tinha previsto 680 milhões de euros de ajudas mas, para já, estão congeladas uma vez que o banco central diz estar preocupada, especialmente, com o impacto do novo governo sobre as mulheres no Afeganistão.

Mujahid referiu que a orientação para ficar em casa seria temporária e e que durante esse período o grupo procurará encontrar maneiras de garantir que as mulheres não são “tratadas de maneira desrespeitosa” ou “Deus me livre, se magoem”.

O responsável admitiu que a medida era necessária porque os soldados talibãs “estão sempre a mudar e não são treinados”.

“Ficamos felizes por se juntarem à causa, mas queremos ter certeza de que [os talibãs] não enfrentam quaisquer preocupações”, explicou. “Portanto, pedimos que tirassem uma folga do trabalho até que a situação voltasse ao normal e os procedimentos relacionados com as mulheres ficassem definidos, para que possam voltar ao trabalho assim que seja possível”.

Quando estiveram no poder, entre 1996 e 2001, o grupo militante proibiu as mulheres de trabalhar, sair de casa desacompanhadas e obrigou-as a cobrir o corpo com vestes apropriadas — um cenário, insiste o grupo, que não se repetirá nesta nova era. De acordo com o líder dos talibãs, este novo regime promete ser mais moderado e inclusivo, ainda que o grupo se recuse a admitir que os direitos das mulheres establecido nos últimos 20 anos pelo governo afegão se vão manter ou que a violência não continuará a escalar.

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