O resultado líquido negativo da TAP no terceiro trimestre de 2020 atingiu os 118,7 milhões de euros e o acumulado nos nove meses deste ano apresenta um prejuízo de 700,6 milhões de euros, o que representa uma deterioração face ao prejuízo de 582 milhões de euros registado no primeiro semestre de 2020 pela TAP S.A, referem os dados da TAP divulgados à CMVM e comentados ao Jornal Económico por uma fonte da empresa.
Importa agora saber como será o desempenho da TAP até ao final de ano? “Vai depender da variação cambial”, refere a fonte da TAP. “O resultado líquido é muito impactado pela variação cambial, sendo difícil fazer projeções. Podemos dizer, com toda a certeza, que o resultado líquido no quarto trimestre vai ser negativo, e sabendo que o acumulado do ano está nos -700,6 milhões de euros, até ao final do ano o resultado negativo deverá ficar num intervalo entre 800 milhões e o mil milhões de euros”, admite a fonte da empresa.
No entanto, “a performance da TAP melhorou no terceiro trimestre, porque os 118,7 milhões de euros de resultados líquidos negativos registados no terceiro trimestre traduzem uma performance melhor do que os resultados obtidos no segundo trimestre, que foram de -187 milhões de euros, o que se justifica por conta da retoma nos voos ocorrida em sobretudo em julho e agosto”. Assim, os prejuízos do terceiro trimestre evidenciam uma melhoria de 36,5% face aos prejuízos de 187 milhões de euros registados no segundo trimestre de 2020, segundo dados da TAP.
“Em relação à evolução dos voos, a TAP transportou 20 vezes mais passageiros no terceiro trimestre do que no segundo trimestre”, refere a fonte da TAP. No terceiro trimestre, a TAP transportou 861,1 mil passageiros, o que compara com os 41 mil passageiros transportados no segundo trimestre de 2020, segundo dados da TAP (ver texto sobre a evolução dos passageiros transportados pela TAP em 2020).
“Ajuda a interpretar o resultado da TAP quando comparamos esse resultado com os nossos peers aqui na Europa, principalmente entre as empresas legacy, isto é, as companhias de bandeira. A Lufthansa, a IAG (a British Airways e a Ibéria) e a Air France-KLM são as empresas que comparam com a TAP, ajustando a dimensão relativa de todas estas empresas, sendo importante perceber como está a ser a performance da TAP, comparando-a com as performances que estes peers tiveram, o que permite confirmar que a TAP teve uma evolução favorável em muitos aspetos”, afirma a fonte da TAP.
Oferta e receitas com quedas que rondam os 80%
Quanto à oferta (a capacidade) e às receitas da TAP no terceiro trimestre de 2020, registaram quedas de 79% e 81%, respetivamente, face a igual período de 2019, segundo dados da TAP. No período em análise, o EBITDA (o resultado operacional mais a depreciação, amortização e perdas por imparidade, acrescidos de encargos com a restruturação e outros itens não recorrentes) totalizou -48.7 milhões de euros, com margem de -24,9%, o que compara com um EBITDA no segundo trimestre de 2020 de -102,3 milhões de euros e uma margem de -162,7%. Recorde-se que no terceiro trimestre de 2019 a TAP registou um EBITDA positivo de 256,6 milhões de euros e uma margem EBITDA também positiva de 24,6%, de acordo com os dados da TAP.
A liquidez a 30 de setembro ascendeu a de 326,8 milhões de euros, melhor que os 182,6 milhões de liquidez que se registavam a 30 de junho, refere a empresa, adiantando que a TAP fechou o terceiro trimestre com 101 aviões, menos sete do que os 108 que operava no final do segundo, trimestre. Mas o JE sabe que a TAP prevê continuar a reduzir a frota, pretendendo chegar já nos próximos meses aos 94 aviões.
Em termos globais, “o terceiro trimestre de 2020 iniciou-se com uma recuperação na procura, mas essa tendência foi revertida em meados de agosto, à medida que novas restrições à mobilidade foram sendo impostas nos vários países e destinos em que a TAP opera”, refere a empresa, explicando que “reagiu com rapidez, reajustando a oferta e levando a cabo maiores cortes de custos, a par com mais iniciativas de preservação da disponibilidade de caixa”.
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