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Tarifaço dos EUA pode reduzir PIB do Brasil e eliminar 138 mil empregos

Plano do governo brasileiro para amenizar o impacto tem potencial para fazer a perda cair para 0,1 ponto percentual. Cálculo do governo é que as sobretaxas deverão implicar perda de 138 mil postos de trabalho.
15 Setembro 2025, 07h00

A decisão dos Estados Unidos de elevar as tarifas de importação de produtos brasileiros para 50% terá um efeito de redução do PIB (Produto Interno Bruto) em 0,2 pontos percentuais entre agosto de 2025 e dezembro de 2026, de acordo com as projeções da SPE (Secretaria de Política Económica), do Ministério das Finanças.

plano do governo brasileiro para amenizar os efeitos das altas das tarifas deverá reduzir a queda do PIB pela metade –ou seja, o saldo final deverá ser uma redução de 0,1 pontos percentuais do PIB entre agosto de 2025 e dezembro de 2026, segundo a estimativa da secretaria. Não foi divulgada uma estimativa para o número anual.

No Boletim Macrofiscal, a SPE afirma que o tarifaço (expressão usada pela imprensa brasileira para as tarifas impostas pelos EUA a produtos provenientes do Brasil) deverá aumentar o desemprego em 0,1% e que o impacto na inflação será uma redução de 0,1% entre agosto e dezembro.

Rafael de Azevedo Ramires, um dos coordenadores do boletim, afirmou durante a apresentação do documento que foi usado um modelo em conjunto com a agência francesa de desenvolvimento para tentar calcular os impactos do aumento de tarifas.

A lógica desse modelo é tentar estimar como serão as mudanças na procura pelos bens e serviços brasileiros e, daí, calcular a alteração das variáveis macro, como produto, emprego e inflação.

“O desemprego eleva-se em 0,1%, o que representa 138 mil postos de trabalho a menos, que estão mais concentrados na indústria”, afirmou durante a apresentação.

As tarifas afetam a inflação de duas formas, segundo a SPE: deve haver depreciação do real, que pressiona os preços internos, mas, por outro lado, aumenta a oferta de bens no Brasil (já que uma parte do que seria exportado será vendida internamente).

Também foram feitas projeções que levam em conta o programa de contingência do governo para conter os danos das altas de tarifas, chamado de Brasil Soberano.

No mercado de trabalho, a perda estimada cai de 138 mil para 65 mil empregos.

“O estudo reforça a importância de políticas de diversificação de mercados e mecanismos para apoiar o setor produtivo como instrumentos para reduzir a vulnerabilidade da economia brasileira a choques externos”, disse Ramires.

Guilherme Mello, secretário de Política Económica, afirmou que, por causa das altas de tarifas, o índice de incertezas chegou a um nível muito elevado.

A situação, afirma, é semelhante ao final dos anos 1920, quando houve um desarranjo global com a crise do padrão ouro.

O secretário disse que espera-se que a Reserva Federal corte os juros, o que contribuiria para o enfraquecimento do dólar (portanto, valorização do real).

Este responsável resumiu a expectativa da seguinte forma: “Dólar mais fraco, outras moedas mais fortes e expectativa de queda de taxa de juros maior, o que impacta decisões sobre juros noutros países, em particular na América Latina”.

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