A decisão dos Estados Unidos de elevar as tarifas de importação de produtos brasileiros para 50% terá um efeito de redução do PIB (Produto Interno Bruto) em 0,2 pontos percentuais entre agosto de 2025 e dezembro de 2026, de acordo com as projeções da SPE (Secretaria de Política Económica), do Ministério das Finanças.
O plano do governo brasileiro para amenizar os efeitos das altas das tarifas deverá reduzir a queda do PIB pela metade –ou seja, o saldo final deverá ser uma redução de 0,1 pontos percentuais do PIB entre agosto de 2025 e dezembro de 2026, segundo a estimativa da secretaria. Não foi divulgada uma estimativa para o número anual.
No Boletim Macrofiscal, a SPE afirma que o tarifaço (expressão usada pela imprensa brasileira para as tarifas impostas pelos EUA a produtos provenientes do Brasil) deverá aumentar o desemprego em 0,1% e que o impacto na inflação será uma redução de 0,1% entre agosto e dezembro.
Rafael de Azevedo Ramires, um dos coordenadores do boletim, afirmou durante a apresentação do documento que foi usado um modelo em conjunto com a agência francesa de desenvolvimento para tentar calcular os impactos do aumento de tarifas.
A lógica desse modelo é tentar estimar como serão as mudanças na procura pelos bens e serviços brasileiros e, daí, calcular a alteração das variáveis macro, como produto, emprego e inflação.
“O desemprego eleva-se em 0,1%, o que representa 138 mil postos de trabalho a menos, que estão mais concentrados na indústria”, afirmou durante a apresentação.
As tarifas afetam a inflação de duas formas, segundo a SPE: deve haver depreciação do real, que pressiona os preços internos, mas, por outro lado, aumenta a oferta de bens no Brasil (já que uma parte do que seria exportado será vendida internamente).
Também foram feitas projeções que levam em conta o programa de contingência do governo para conter os danos das altas de tarifas, chamado de Brasil Soberano.
No mercado de trabalho, a perda estimada cai de 138 mil para 65 mil empregos.
“O estudo reforça a importância de políticas de diversificação de mercados e mecanismos para apoiar o setor produtivo como instrumentos para reduzir a vulnerabilidade da economia brasileira a choques externos”, disse Ramires.
Guilherme Mello, secretário de Política Económica, afirmou que, por causa das altas de tarifas, o índice de incertezas chegou a um nível muito elevado.
A situação, afirma, é semelhante ao final dos anos 1920, quando houve um desarranjo global com a crise do padrão ouro.
O secretário disse que espera-se que a Reserva Federal corte os juros, o que contribuiria para o enfraquecimento do dólar (portanto, valorização do real).
Este responsável resumiu a expectativa da seguinte forma: “Dólar mais fraco, outras moedas mais fortes e expectativa de queda de taxa de juros maior, o que impacta decisões sobre juros noutros países, em particular na América Latina”.
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