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Tarifas comerciais já afetam a Suíça: PIB cai pela primeira vez em dois anos

Donald Trump penalizou a Suíça e fez com que este país fosse o mais penalizado da Europa no que toca às tarifas. Como seria de esperar, exportações de indústrias essenciais do país já se ressentem.
7 – Suíça
28 Novembro 2025, 09h33

As tarifas comerciais impostas pelos EUA a vários países europeus, entre os quais a Suíça, estão na origem no primeiro retrocesso em dois anos do Produto Interno Bruto da economia helvética.

A queda do PIB da Suíça no terceiro trimestre do ano está sobretudo relacionada com a queda das exportações de duas indústrias estratégias da Confederação Helvética: farmácia e química.

No período em que os EUA fixaram as tarifas comerciais em quase 40%, o PIB suíço contraiu 0,5%: “Esta situação deve ter em conta o contexto da recente volatilidade do comércio exterior”, afirmou em comunicado o Ministério da Economia da Suíça.

“As fortes exportações de produtos químicos e farmacêuticos, impulsionadas também pelos efeitos antecipados vinculados à política comercial de Estados Unidos, deram um passo para uma descida”.

“A maior derrota desde 1515”

Em agosto, a imprensa suíça ficou em choque com a tarifa aplicada pela administração norte-americana à importação de produtos helvéticos. Escreviam os media da Suíça que, com este desfecho, o país seria o estado europeu mais penalizado pelo protecionismo de Donald Trump e a nível mundial, a Suíça só é suplantada para a Síria, Laos e Mianmar.

Com a entrada em vigor das tarifas comerciais instituídas por Donald Trump, o país foi apanhado de surpresa com aquilo que foi apelidado de pouca eficácia por parte das autoridades helvéticas no sentido de negociar este valor. O tabloide “Blick” foi o mais expressivo e apelidou este episódio como “a maior derrota do país desde a vitória da França na batalha de Marignano, em 1515”.

A guerra declarada não se restringe ao círculo político já que a influente indústria farmacêutica do país está incrédula não só com a decisão de Donald Trump como aquela que acreditam ter sido fruto da inação das autoridades suíças.

Os políticos suíços estavam crentes que iriam conseguir uma tarifa de 10%, semelhante à do Reino Unido e inferior à aplicada aos países da zona euro, bloco em que a Suíça não está integrada. A própria opinião pública acreditava que as negociações com os EUA seriam levadas a bom porto.

Em abril, as autoridades helvéticas revelaram que estavam confiantes de que iriam conseguir um bom negócio e até se falava na possibilidade do país investir cerca de 150 mil milhões de dólares nos EUA, algo que lhes iria permitir tarifas comerciais de 10%.

No entanto, Donald Trump insistiu que, face à Suíça, os EUA eram deficitários em 39 mil milhões de dólares e que 10% em tarifas comerciais seria insuficiente. Esse défice deve-se sobre às exportações de ouro. No entanto, o ouro e os produtos farmacêuticos deverão ficar isentos destas tarifas recíprocas.

A situação fica mais grave quando se percebe que os EUA são o principal mercado de exportação da Suíça para produtos como relógios, chocolate e maquinaria, um autêntico cartão postal do país. Além disso, os EUA são um investidor significativo na Nestlé, Roche e Novartis, empregando centenas de trabalhadores.


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