O Banco de Espanha vai rever em baixa as previsões de crescimento da economia espanhola por causa do impacto das novas taxas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos, disse hoje o governador da instituição, José Luis Escrivá.
“Teremos de rever em baixa as previsões de crescimento”, disse o governador do banco central de Espanha, em declarações à televisão TVE.
José Luis Escrivá afirmou que as novas taxas comerciais anunciadas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, “têm o potencial de gerar efeitos negativos na atividade económica” e que o contexto “é muito incerto”.
“Ainda não temos elementos precisos de como se vai materializar [o impacto]”, afirmou o governador do Banco de Espanha, que evitou falar em recessão.
“Estamos numa situação de extraordinária complexidade do ponto de vista económico e geopolítico e também de uma enorme incerteza”, acrescentou.
José Luis Escrivá realçou que as previsões mais recentes para a economia espanhola eram de um “crescimento alto” e que “o lógico” é que sejam revistas em baixa, sem quantificar.
“Sabemos que o que está a acontecer tem o potencial de gerar efeitos muito negativos na atividade económica no mundo de uma forma muito assimétrica, mas também é verdade que ainda não temos elementos precisos de como se vai materializar e até que ponto e com que sequência temporal”, afirmou.
“Mas eu não falaria em recessão em nenhum caso”, acrescentou.
As previsões mais recentes do Banco de Espanha, reveladas em março, estimavam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol de 2,7% este ano e de 1,9% em 2026, mas a instituição alertou já na altura para a incerteza associada à geopolítica.
No relatório trimestral com as previsões da economia espanhola, o Banco de Espanha realçou, em março, a incerteza que já existia em relação à política de taxas comerciais dos Estados Unidos, que poderia afetar vários países, assim como em relação à flexibilização de regras orçamentais (limites de défice e dívida) na União Europeia para aumentar “de forma significativa” as despesas públicas com a defesa.
Segundo o banco central de Espanha, “a evidência histórica sugere que, neste tipo de cenários, o crescimento da economia acaba por se ressentir”.
A economia de Espanha cresceu 3,2% no ano passado, mais cinco décimas do que em 2023, segundo o Instituto Nacional de Estatística espanhol (INE).
Donald Trump anunciou, na semana passada, o agravamento das taxas sobre as importações para os Estados Unidos oriundas de 184 países e territórios.
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