O presidente da Confederação do Comércio e dos Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, disse hoje prever o aumento da inflação resultante da “guerra comercial” e realça que os “EUA são um grande exportador” de serviços para Portugal.
“Os EUA, em termos de serviços, são um grande exportador para Portugal, muito superior à nossa balança de pagamentos, e isso é difícil de determinar em termos de números, mas isso pode afetar todo o tecido empresarial” disse o presidente da CCP.
“Praticamente, em termos de novas tecnologias, estamos muito dependentes das empresas americanas”, acrescentou.
Por outro lado, disse ainda que uma “grande preocupação tem que ver com (a possibilidade) resultado da guerra comercial, de um aumento da inflação”, o que é “negativo em termos de capitalização e em termos de capacidade de financiamento”.
João Vieira Lopes considera ainda que no caso dos serviços vindos dos EUA serem taxados (pela UE), o universo das empresas portuguesas será “bastante afetado”.
“Por isso, estamos de acordo (Governo e CCP) que haja uma tática inicial que tente encontrar, pelo menos, soluções de compromisso, e o futuro dirá se isso é possível ou não”, acrescentou.
O presidente da CCP avançou também que o Governo deu algumas informações sobre o “conjunto de medidas que vai ser anunciado amanhã” (quinta-feira), e que consistem em apoios ao crédito e medidas a fundo perdido, no sentido de incentivar a diversificação das exportações financiando as atividades nesse sentido.
João Vieira Lopes alertou ainda para o impacto noutros setores, como o alimentar, cujos mercados de importação para a Europa mudaram.
“Temos que estar muito atentos às matérias-primas alimentares, pois, a partir da guerra da Ucrânia, parte das matérias-primas alimentares vêm dos Estados Unidos, vêm da América Latina, vêm de outros países, e se houver um fenómeno inflacionista aí, nessa área, é capaz de ter que haver uma análise de alterações até de política fiscal em relação ao alimentar”, disse.
O Ministério da Economia tem estado a reunir-se com associações empresariais de diversos setores para avaliar “o impacto e as medidas de mitigação” das tarifas que o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou há uma semana, de 20% a produtos importados da União Europeia e que acrescem às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio.
As novas tarifas de Trump são, segundo o Presidente norte-americano, uma tentativa de fazer crescer a indústria dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que punem os países por aquilo que disse serem anos de práticas comerciais desleais.
O Conselho de Ministros de quinta-feira vai discutir o tema das tarifas aduaneiras aplicadas pelo Presidente dos Estados Unidos da América e debater eventuais respostas, depois das reuniões do Governo com associações empresariais.
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