A Comissão Europeia garantiu hoje estar em “diálogo intenso” com os Estados Unidos para um acordo comercial, que ainda espera que seja alcançado, apesar de a União Europeia adotar hoje uma retaliação de 93 mil milhões de euros.
“A UE continua a dialogar intensamente com os EUA ao nível técnico e político e é tudo o que posso dizer neste momento. Não vou entrar em detalhes sobre contactos planeados, [mas] é nisso que estamos focados neste momento”, disse o porta-voz do executivo comunitário para o Comércio, Olof Gill.
Vincando existirem contactos diários e intensos através de chamada, o responsável indicou que a Comissão Europeia ainda tem esperança, após notícias divulgadas nas últimas horas indicando que tal acordo está prestes a ser alcançado.
“Quanto a um acordo ou desfecho, acreditamos que um resultado está ao nosso alcance e estamos a trabalhar com toda a nossa força para o concretizar em benefício dos cidadãos, empresas e consumidores da União Europeia”, adiantou.
Olof Gill confirmou ainda que a Comissão Europeia vai adotar hoje uma lista de 93 mil milhões de euros com contramedidas a aplicar pela UE aos EUA a partir de 07 de agosto, caso não haja acordo até lá.
“Será adotada pela Comissão ainda hoje, entrando em vigor segundo os termos oficiais. Não posso especular se essa lista terá ou não de ser utilizada”, referiu, ressalvando que “há sempre a possibilidade de […] suspender as medidas, se necessário”.
“Por isso, volto a sublinhar: neste momento a UE está concentrada em alcançar um resultado negociado com os EUA”, concluiu o porta-voz.
Em meados deste mês, a Comissão Europeia propôs uma lista de bens importados dos Estados Unidos, num total de 72 mil milhões de euros, para taxar caso a administração norte-americana imponha tarifas recíprocas.
Em causa estão 6,4 mil milhões de euros em produtos agroalimentares e 65,8 mil milhões de euros em bens industriais, entre os quais aeronaves e peças de aeronaves, automóveis e respetivas peças, maquinaria, produtos químicos e plásticos, dispositivos médicos e equipamento elétrico.
Este foi um segundo pacote que se seguiu ao primeiro de 21 mil milhões de euros, divulgado no início do ano e concebido como resposta às tarifas norte-americanas sobre o aço e o alumínio.
Ao todo, a UE poderá então impor tarifas de retaliação sobre bens dos Estados Unidos no valor de 93 mil milhões de euros se as duas partes não chegarem a um acordo comercial até ao prazo de 01 de agosto fixado por Washington para aplicar tarifas às importações.
Em meados deste mês, o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que iria impor tarifas de 30% sobre produtos da UE a partir de 01 de agosto, numa carta endereçada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Reagindo a tal anúncio, a líder do executivo comunitário afirmou que Bruxelas continua disposta a negociar com os EUA para chegar a um acordo antes de 01 de agosto.
Donald Trump justificou a decisão com o excedente comercial da UE com os Estados Unidos, que atingiu 50 mil milhões de euros em 2024.
As tensões comerciais entre Bruxelas e Washington devem-se aos anúncios do Presidente Donald Trump de imposição de taxas à UE, que começaram por ser de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e depois se tornaram também em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, fixadas em 30% após um período de negociações.
Bruxelas prefere uma solução negociada com Washington, tendo já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.
A Comissão Europeia detém a competência da política comercial da UE.
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