[weglot_switcher]

TdC elogia “maleabilidade” da resposta pública à pandemia apesar de ineficiências

A resposta em termos de planos de contingência e de vacinação foi eficaz e dotada da flexibilidade necessária, mas criou constrangimentos na atividade do SNS, sobretudo com doentes oncológicos. Na vertente financeira, os apoios ao emprego foram “aplicados na totalidade”, mas estruturas residenciais para idosos ou a recuperação de aprendizagens mostraram ineficiências significativas.
16 Dezembro 2024, 13h38

O Tribunal de Contas (TdC) considera a resposta pública à emergência criada pela pandemia globalmente satisfatória, sobretudo no que respeita ao plano de vacinação e contingência médica, mas alerta para as ineficiências nos apoios às populações mais vulneráveis e para os constrangimentos na atividade programada no SNS.

No relatório de avaliação “Gestão da Crise Pandémica de Covid-19 – Síntese das ações de controlo e lições para o futuro”, o TdC começa por elogiar a resposta no que respeita aos planos de contingência e de vacinação, sublinhando a “maleabilidade suficiente para reagir, adaptar-se e responder com celeridade à emergência provocada pela pandemia”. No entanto, esta resposta “produziu efeitos negativos na restante atividade” do sistema de saúde público.

Como tal, o organismo recomenda o reforço dos recursos humanos, dos sistemas de informação e das cadeias logísticas de forma a melhorar a resistência do SNS a emergências médicas futuras, bem como um maior planeamento com vista a situações desta natureza.

Em específico, o TdC recorda “fragilidades na vertente operacional da resposta à crise sanitária”, dado que “a vigilância epidemiológica foi prejudicada pelas limitações dos sistemas de informação utilizados, obrigando à criação de múltiplas e distintas soluções ad hoc à escala regional e/ou local, o que desviou recursos de saúde pública, induziu ineficiências e afetou a qualidade dos dados acerca da atividade desenvolvida”.

Estas soluções careceram de supervisão ou comunicação adequada, como sucedeu com a app de rastreio proposta pelo Governo, uma iniciativa que acabou minada ainda antes do seu lançamento pela forma desadequada como foi comunicada à população.

Acresce a isto “o impacto da crise na atividade e no acesso ao SNS, [onde] não se conseguiu impedir que doentes crónicos, em especial os oncológicos, ficassem para trás e sofressem as consequências da falta de cuidados médicos durante as fases mais agudas da crise”.

Do lado financeiro, as medidas de apoio “ao emprego, ao consumo e ao ensino à distância, apesar de alguns constrangimentos, de não terem chegado de forma uniforme aos potenciais destinatários e de demoras nos pagamentos, foram aplicadas na sua totalidade”, mas o mesmo não se pode dizer dos apoios às estruturas residenciais para pessoas idosas, para recuperação das aprendizagens e para combate aos efeitos adversos da pandemia na economia e na habitação.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.