Nos últimos anos, muitos avanços têm sido feitos no que respeita à inclusão e representatividade de diferentes minorias nas empresas, sejam elas raciais e pessoas com necessidades específicas, seja a comunidade LGBTQI+, que muitas vezes ainda se sentem discriminadas ou não têm as mesmas oportunidades face aos outros profissionais.

Este contexto destaca-se, nomeadamente, na realidade do grupo LGBTQI+, já que segundo o estudo “Diversity at Work 2021”, desenvolvido pelo ManpowerGroup, apenas 33,49% dos profissionais portugueses assumem a sua orientação sexual em contexto laboral, o que pode indiciar algum receio sobre possíveis consequências de o fazerem.

No entanto, nem tudo é negativo. Existe um setor que está na vanguarda no que respeita à inclusão destes profissionais em contexto laboral: a Tecnologia. O ecossistema TI e as suas empresas são, regra geral, modelos a seguir, já que é nesta indústria que as questões de preconceito relativo à orientação sexual são mais dissipadas e existe uma maior igualdade de oportunidades.

Entre os vários motivos que fazem deste setor um exemplo, destaco, primeiramente, a preocupação destas empresas no que respeita à promoção do bem-estar de todos os seus profissionais, como se identifica no caso da Fabamaq ou da Bosch, distinguidas recentemente com o prémio “Healthy Workplaces”, atribuído pela Ordem dos Psicólogos Portugueses e que reconhece organizações que desenvolvem práticas promotoras da segurança, bem-estar e saúde no local de trabalho.

Desta forma, estas entidades dão a oportunidade aos colaboradores para expressarem a sua identidade e individualidade num ambiente seguro e com ferramentas que permitem agir caso se verifique o contrário.

Esta erradicação do preconceito deve traduzir-se em políticas e iniciativas, mas é crucial que seja promovida pelas próprias lideranças. Devido à constante inovação que é necessária na tecnologia, os líderes destas organizações são, normalmente, profissionais com uma maior abertura para as questões sociais e com uma visão mais global.

Não podemos negar que a diversidade traz valor às empresas e contribui para o crescimento das mesmas. A isto, junta-se a sua preocupação em atraírem e reterem o melhor talento, o que reforça ainda mais a importância deste tema, ao contrário do que ocorre noutras indústrias. As empresas tecnológicas precisam, sim, de profissionais com perspetivas diferentes e vivências diversas para que consigam resolver problemas complexos e os novos desafios tecnológicos que vão surgindo, bem como evoluírem face à concorrência.

Perante esta realidade, inúmeras empresas tecnológicas têm já estratégias de diversidade e inclusão definidas, que passam tanto pelo desenvolvimento de programas específicos como pela criação de grupos de apoio para a minoria LGBTQI+. Exemplo disso é a presença das suas equipas em eventos como a parada LGBTQI+, ou mesmo outros promovidos no âmbito do pride month.

Destacam-se ainda estratégias de empresas portuguesas como a Fabamaq, novamente, que promove sessões de partilha de conhecimentos e workshops sobre inclusão e diversidade, onde são debatidos casos práticos, bem como outras como a Microsoft, que celebrou o mês de orgulho gay em todo o mundo, inclusive no metaverso, e tantas outras que criam comunidades e grupos de apoio mais ou menos informais dentro suas estruturas.ÇL

Desta forma, acredito que as empresas TI estão a desbravar caminho para a aceitação e normalização desta e de outras minorias em contexto laboral. No entanto, nem tudo é perfeito, sendo que o desafio de hoje e do futuro para estas organizações é continuarem este caminho e posicionarem-se na dianteira no que respeita a este e outros temas. Mas mais do que quererem ser socialmente responsáveis, devem ter ações reais, definir estratégias concretas e estar atentas ao impacto das suas iniciativas no dia a dia da organização, dos seus colaboradores e das comunidades onde se inserem.