A portuguesa Tekever comprou um aeroporto no País de Gales para o transformar no seu centro de operações no Reino Unido.
A companhia comprou o West Wales Airport, na costa oeste do país em Aberporth, que conta com um espaço aéreo restrito com 10 mil km2 sobre terra e mar.
Vai ser aqui que vai testar e operar os seus drones movidos a Inteligênncia Artificial (IA) que destinam-se a clientes britânicos e internacionais. Desde 2023 que opera neste aeroporto.
Esta aquisição está inserida na programa Overmatch que vale 400 milhões de libras (460 milhões de euros), destinado a fomentar as suas tecnologias de IA para fornecer tanto as forças armadas britânicas como dos membros da NATO.
Este local tem sido “central” para os esforços de investigação da Tekever, em particular para o desenvolvimento do drone AR3.
“Com a Tekever, o West Wales Airport vai ser expandido para um hub nacional para a testagem e avaliação de sistemas não tripulados. Será tornado acessível aos stakeholders do governo do Reino Unido, parceiros, aliados e indústria para se tornar num pilar do ecosistema de defesa do Reino Unido. A expansão vai entregar beneficios de longo prazo regionais, incluindo a criação de empregos qualificados e oportunidades para negócios locais e talento contribuírem para a próxima geração de tecnologias de defesa”, segundo a empresa.
Já o CEO da Tekever Ricardo Mendes disse que à medida que “as despesas com defesa aumentam e as ameaças geopolíticas crescem, a procura por sistemas autónomos de IA está apenas a aumentar”.
Por seu turno, a secretária de Estado da Economia do Reino Unido disse que a “Tekever é hoje uma das companhias que crescem mais rapidamente na Europa no setor de aeronaves não tripuladas”. O projeto para o aeroporto “apoia os seus planos ambiciosos de expansão no Reino Unido e entrega benefícios significativos ao ecosistema nacional de defesa”, segundo Rebecca Evans.
A 6 de maio, foi revelado que a Tekever tornou-se no sétimo unicórnio português, o nome dado às companhias que passam a valer mais de um milhão de euros. Juntou-se assim a uma lista bastante restrita: Talkdesk, Feedzai, Outsytems, Remote, Anchorage e Sword Health.
A avaliação acima de mil milhões de libras (1,180 mil milhões de euros) chegou na ronda de financiamento mais recente, cujo valor não foi revelado.
A companhia assinou recentemente um contrato com a Royal Air Force (RAF) britânica para fornecer os seus drones a uma das forças aéreas mais respeitadas em todo o mundo.
O drone AR3 vai ser a estrela principal do programa StormShroud: uma aeronave não-tripulada que vai ter a missão de neutralizar radares inimigos permitindo que os aviões de combate da RAF – Eurofighter Typhoon e F-35 Lightning – operem em teatros de guerra sem serem detetados pelos olhos do inimigo. O drone português vai estar equipado com o sistema da italiana Leonardo.
A escolha do Tekever AR3 para este programa “reflete a sua performance comprovada em zonas de conflito”. É que, desde 2022, este drone, que opera recorrendo a Inteligência Artificial (IA), conta com mais de 10 mil horas de voo de combate na Ucrânia, tendo “contribuído para a destruição” de ativos militares russos no valor de 3 mil milhões de libras (3,5 mil milhões de euros), incluindo dois dos mais avançados sistemas russo de defesa aérea, o S-400.
“A Europa enfrenta um grande desafio de segurança. Dado o ambiente geopolítico, a arquitetura de segurança europeia está a ser redesenhada e a Europa precisa de empresas baseadas em IA e autonomia inovadoras e que trabalhem em escala… agora! Estamos a preparar-nos há muito tempo e acreditamos que podemos desempenhar um papel significativo neste momento de mudanças profundas”, segundo o CEO Ricardo Mendes. A companhia conta atualmente com cerca de mil trabalhadores.
A ronda de financiamento coincide com o lançamento do programa de investimento pela empresa para o Reino Unido, com o nome Overmatch, com o valor de 400 milhões de libras, “com o objetivo de transformar a indústria de defesa do Reino Unido e garantir que o país e os seus aliados permanecem na linha da frente da tecnologia autónoma e de Inteligência Artificial”.
O investimento vai criar mais de mil postos de trabalho no Reino Unido nos próximos cinco anos, visando a produção de aeronaves não-tripuladas da Tekever, incluindo os modelos AR3 e AR5.
A nova ronda foi subscrita totalmente por atuais investidores na companhia, como a Ventura Capital, Baillie Gifford, NATO Innovation Fund (NIF), Iberis Capital e Crescent Cove.
Em novembro, a companhia tinha anunciado a angariação de 70 milhões de euros em financiamento, numa ronda liderada também pela gestora de investimentos escocesa Baillie Giford e também contou com o apoio do fundo de inovação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla original).
“Os novos investidores estratégicos vão apoiar o plano de crescimento sustentável e facilitar a expansão geográfica em mercados prioritários. O investimento vai financiar a inovação de produto e o aumento da escala da capacidade de produção”, segundo o comunicado divulgado a 20 de novembro.
A Baillie Gifford é conhecida por ter investido numa fase inicial no Airbnb, Spotify ou SpaceX. Já o fundo de inovação da NATO, apoiado pelos 24 aliados, já investiu mais de mil milhões de euros em tecnologia de defesa, segurança e resiliência.
Outro dos participantes na ronda de investimento é a fundo público britânico National Security Strategic Investment Fund (NSSIF), a Crescent Cove Advisors LP, companhia de investimento sediada em Silicon Valley, dedicada ao sector da defesa, e os atuais investidores na companhia Iberis Semper e Cedrus Capital.
A Tekever usa inteligência artificial (IA) para “monitorizar áreas ultra-alargadas e partilhar dados em tempo real que permitem aos clientes tomar decisões de uma forma atempada e eficiente para evitar ameaças à vida humana, ao ambiente e economia”, destacando que a sua “tecnologia é de uso dual, usado por organizações civis e militares, assim como empresas privadas” desde a “deteção de ameaças ambientais de derrames de petróleo, fogos selvagens, inundações repentinas ou na recolha de inteligência e operações de busca e resgate para efeitos de defesa e segurança”.
A companhia portuguesa acredita que os novos investidores vão trazer “conhecimento estratégico para alavancar a próxima fase do crescimento da Tekever. Providenciam experiência suficiente no sector e caminhos para ter acesso a mercados prioritários. A sua experiência vai ser crítica para ajudar a Tekever a preparar as próximas fases da sua estratégia de crescimento multinacional”.
O dinheiro fresco vai servir para “acelerar investimento em investigação e desenvolvimento para apoiar a inovação de produtos, para melhorar os atuais drones e desenvolver novas linhas de produtos, de forma a assegurar que a tecnologia fica à frente da curva”. A Tekever vai expandir a sua produção global para “ir de encontro à procura crescente pelos seus produtos e serviços”.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com