O teletrabalho veio para ficar e se muitas modificações existiram na nossa sociedade com o aparecimento deste novo coronavírus uma das mais visíveis foi o teletrabalho que condiciona a vida familiar, mas que visivelmente dá jeito a alguns.
Se atualmente é possível fazer uma compra na própria casa, comunicar em tempo real com pessoas a milhares de quilómetros de distância, se um programa de computador pode ser capturado pela internet, se podemos deixar na caixa de correio do computador de um colega um documento em questão de segundos o que de estranho, existe, em podemos realmente fazer atividades de trabalho fora da estrutura convencional da empresa?
Isso sempre foi feito porque sempre existiu trabalho por conta própria, realizado em casa, por artesãos ou outros profissionais liberais que utilizaram as suas casas para desenvolver o seu trabalho. Mas hoje um novo conceito aparece, o chamado teletrabalho, que não se refere a essas situações e é uma modalidade de organização e execução de um trabalho que é executado remotamente e implica necessariamente a transmissão por meio das telecomunicações de dados úteis para a realização do trabalho.
Na situação de teletrabalho que muitos vivem e vão continuar a viver pode-se considerar como um mal necessário, mas que pode tornar-se num modus operandi da grande maioria das empresas por questões funcionais e económicas. Temos de ter a noção de que somos seres sociais e de que necessitamos de viver em sociedade para nos encontrarmos em perfeito equilíbrio, motor, cognitivo e emocional e por isso temo que a invasão das novas tecnologias acelerada com o aparecimento do novo coronavírus seja um motor de destruição social e que nos pode destruir como sociedade e ficarmos cada vez mais robotizados nas nossas atividades, relações, expressões e colaboração interpessoal. Temo que esta escalada da tecnologia esteja a pôr em causa o equilíbrio social e emocional do ser humano com a obrigatoriedade de cumprimento de objetivos cada vez mais ambiciosos, não serem acauteladas as condições para a obtenção de resultados exigentes, o aumento dos níveis de stress, a privação social e a sensação de isolamento que interfere diretamente com o bem-estar da pessoa.
As casas não podem ser oficinas de trabalho de pais e crianças e não nos podemos iludir ao pensar que as tecnologias são a solução para todos os males. A porta do escritório tem de ser fechada, as crianças têm de voltar o mais rapidamente possível para as escolas, porque o continuar deste processo vai destruir a nossa sociedade e vai trazer problemas estruturais de uma gravidade sem precedentes. A empresa e a escola são locais de socialização onde o ser humano desenvolve a génese das suas capacidades e necessidades pessoais, ao tentarmos substituir estes espaços sociais por espaços virtuais vamos criar uma sociedade robotizada, egocêntrica, doente, hiperativa, com picos de cansaço, com perdas de memória, sem capacidade de concentração, depressiva, com dificuldades em dormir, com insónias frequentes, com grandes probabilidade de contraírem problemas cancerígenos precoces, obesidade, doenças degenerativas do cérebro e oculares, Parkinson e envelhecimento do cérebro antes dos 50 anos.
Desafio todos os que estão satisfeitos com o teletrabalho e com o ensino virtual a realizarem um passeio pela internet lerem artigos científicos e aperceberem-se do monstro que estamos a criar com toda esta vida tecnológica que estamos a adotar.
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