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“Tem erros graves e falhas de interpretação”, diz Faria de Oliveira sobre o relatório da EY às contas da CGD

Faria de Oliveira afirma que a consultora EY se enganou quanto à duração do seu mandato enquanto CEO da Caixa e que entre as sete operações de concessão de crédito mais ruinosas, apenas a Artlant foi viabilizada no tempo em que liderou o banco público.
  • Cristina Bernardo
24 Janeiro 2019, 08h01

O relatório preliminar da auditoria feita pela consultora EY às contas da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 2000 e 2015 tem erros e falhas de interpretação graves, segundo o ex-presidente Faria de Oliveira. Em declarações ao Jornal Económico, o atual presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Fernando Faria de Oliveira, afirma que sente “manifesta e profunda estranheza pelo facto de a versão que circula ser um documento de trabalho que não [corresponde] à versão final” do relatório. “Contém erros graves e falhas de interpretação”, acusa.

“Entre tantos outros” erros, Faria de Oliveira revelou que existem falhas no que diz respeito “à atribuição de mandato como CEO” no banco público. “Não foi de 2007 a 2012”, explicou, mas de “2008 e a 2010”.

Antes de elencar os créditos que resultaram em cerca de 1,2 mil milhões de euros em imparidades, o relatório do EY listou os titulares dos diversos órgãos sociais da CGD, entre 2000 e 2015. Depreende-se que, entre 2005 e 2011, a gestão corrente do banco do Estado competia ao conselho de administração porque não existia uma comissão executiva.

“Em 2004 houve uma primeira tentativa de segregação de funções entre administradores executivos e não executivos, mas a Comissão Executiva acabaria por ser extinta em 2005. De forma a dar resposta às exigências da evolução do setor, voltou a ser criada uma Comissão Executiva em 2011, responsável pela gestão corrente da CGD”, lê-se, na página 24 do relatório.

O relatório refere que nos dezasseis anos em análise, passaram pela presidência do conselho de administração cinco gestores: António José de Sousa, entre 2000 e 2004; Carlos Santos Ferreira, entre 2005 e 2006; Fernando Faria de Oliveira, entre 2007 e 2012; e Álvaro Nascimento, entre 2013 e 2015. Ora, segundo Faria de Oliveira, esta cronologia não está certa porque diz que esteve em funções na CGD entre 2008 e 2010.

A EY revelou ainda que o período financeiramente mais ruinoso coincidiu com as fases em que Santos Ferreira e Faria de Oliveira lideraram o banco.

De resto, entre as sete operações de crédito mais ruinosas para a CGD, que somaram mais de 1,1 mil milhões de euros em créditos concedidos e cerca de 593 milhões de euros em imparidades, Faria de Oliveira admitiu que “só a Artlant (La Seda) passou por mim”. A Artlant recebeu 350 milhões de euros em crédito do banco público, dos quais cerca de 60% resultaram em imparidades, isto é, mais de 211 milhões de euros.

Faria de Oliveira reconheceu ainda que, apesar da concessão de crédito da CGD à Artlant ter começado antes do gestor ter assumido a presidência do banco, “o grosso do financiamento, incluído o project finance, passou por mim”.

Não perca mais informações na edição do Jornal Económico que estará nas bancas esta sexta-feira.

 

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