Tendências contrastantes na relação dívida pública/PIB têm sido o principal fator de convergência das classificações de risco soberano entre os países da Europa Ocidental em 2025, afirma a Fitch Ratings.
Numa análise aos ratings soberanos de sete países incluindo Portugal (os outros seis são Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Itália e Espanha), a Fitch diz que as finanças públicas foram o principal factor determinante das classificações em seis das sete alterações de classificação (a melhoria da classificação de Espanha foi impulsionada pelo seu desempenho económico superior e pela maior resiliência externa).
“As alterações nas classificações de risco soberano na Europa Ocidental nos primeiros dez meses de 2025 foram divididas entre três subidas para classificações mais baixas de países do sul da Europa e quatro despromoções para classificações mais elevadas de países do norte da Europa, todas de um nível”, explica Fitch.
Dos sete países os único que tiveram subidas do rating foram os países do sul da Europa (Portugal, Espanha e Itália). Todos os outros tiveram downgrades. O que revela uma mudança de paradigma na economia europeia.
Em setembro, a Fitch Ratings elevou a notação de risco de crédito de longo prazo em moeda estrangeira (IDR) de Portugal de ‘A-’ para ‘A’. A perspetiva é estável.
Entre os quatro países soberanos que viram a sua classificação cai, a dívida pública em relação ao PIB aumentou consideravelmente desde 2019 na Finlândia (+17 pontos percentuais), França (+15 pontos percentuais) e Áustria (+10 pontos percentuais). O aumento da dívida da Bélgica foi mais moderado, mas o seu endividamento também é elevado e os seus défices orçamentais têm sido persistentemente mais elevados no período pós-pandemia.
Embora dois países tenham sido despromovidos para a categoria ‘A’, a classificação média de longo prazo em moeda estrangeira da região é ‘AA-’, sublinha a agência de rating. As classificações soberanas da zona euro, que incluem alguns países da Europa de Leste, têm uma média de ‘A+’.
Uma classificação média de ‘AA-’ realça a elevada tolerância à dívida dos países soberanos da Europa Ocidental, sustentada por factores como a diversificação económica e a flexibilidade de financiamento, explica a agência.
A Fitch ressalva que os pontos de partida e as posturas orçamentais são heterogéneos, e a dinâmica da dívida pública será largamente determinada pelos saldos primários, dado que o crescimento nominal está a diminuir com a descida da inflação.
“O impacto líquido das alterações de 2025 deu continuidade à recente tendência de convergência das notações de risco de incumprimento de emissores soberanos de longo prazo em moeda estrangeira (IDRs) da Europa Ocidental”, escreve a Fitch.
As previsões base da Fitch antecipam uma modesta flexibilização fiscal, com o défice médio da Europa Ocidental a aumentar de 1,3% do PIB em 2024-2025 para 1,8% em 2026-2027. M”as prevemos que países com desempenho fiscal recente acima da média, como Chipre, Grécia e Irlanda, mantenham superávits nominais. A Grécia (BBB-) manteve um forte compromisso com a prudência fiscal e tem uma perspetiva positiva, assim como a Islândia (A) e São Marinho (BB+), destacando o potencial para que a convergência continue ao longo do nosso horizonte de classificação”, refere.
“Todos os soberanos que foram rebaixados em 2025 estão agora com perspectiva estável, o que significa que não há perspectivas negativas na Europa Ocidental. No entanto, a capacidade dos soberanos de conservar as suas reservas fiscais em linha com as suas classificações atuais no médio prazo, face à dinâmica desafiante da dívida, refletirá a sua capacidade política para uma consolidação duradoura. Isto tem sido dificultado pela fragmentação política cada vez mais enraizada”, conclui.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com